Coronavírus MERS: OMS espera “mais casos”, após transmissão de origem desconhecida detetada em Abu Dhabi

Passaram 19 meses desde que tinha sido registado o caso anterior naquele país daquela doença que é ‘próxima’ da Covid-19.

Pedro Gonçalves
Julho 25, 2023
17:20

Foi detetado nos Emirados Árabes unidos o caso de um homem de 28 anos que testou positivo ao coronavírus que causa a Síndrome Respiratória do Médio Oriente (MERS). A Organização Mundial da Saúde (OMS) está a acompanhar os possíveis contactos de risco e espera “mais casos de MERS” nos próximos dias, já que não se sabe a origem da transmissão da doença.

O caso detetado ocorreu na na cidade de Al-Ain, na fronteira com o Omã, e reportado pelas autoridades de saúde dos Emirados Árabes Unidos à OMS a 10 de julho, sendo que o organismo revelou esta segunda-feira que tem acompanhado os 108 contactos com quem o homem infetado esteve próximo nas duas semanas anteriores à deteção do caso, não tendo sido registados, até ao momento, outros casos de transmissão.

Passaram 19 meses desde que tinha sido registado o caso anterior naquele país daquela doença que é ‘próxima’ da Covid-19, mas mais grave. O número de casos entrou em descida durante a pandemia, mas continua a estar nos radares da OMS, que alerta que são esperados mais casos da MERS.

O paciente em questão dirigiu-se a várias unidades de saúde entre 3 e 7 de junho, a queixar-se de vómitos, dores no lado direito do corpo e dor ao urinar. Já também com sintomas gastrointestinais, foi diagnosticado com pancreatite aguda, lesões nos rins e sépsis.

A 13 de junho estava em estado crítico e acabou internado numa unidade de cuidados intensivos, ligado a um ventilador. Só a 21 de junho se confirmou através de teste que se tratava de um caso de MERS-CoV.

Os contactos de risco foram acompanhados e monitorizados durante 14 dias, segundo explica a OMS, mas não se registaram casos de infeção secundária.

Perante a possível ameaça, a OMS recomenda que toda a gente que visitar quintas, mercados, estábulos ou outros locais onde estejam presentes dromedários, devem praticar medidas de higiene, como lavar as mãos após tocar nos animais, evitar tocar nos olhos, nariz e boca com as mãos e evitar contacto com animais doentes. É também aconselhado o uso de equipamento de proteção individual, como máscaras, luvas e batas protetoras, nos casos de profissionais que tenham de lidar com animais.

“A OMS espera que casos adicionais de infeção por MERS-CoV sejam reportados no Médio Oriente e/ou noutros países onde o MERS-CoV está circula em dromedários”, indica o organismo, que realça que o paciente detetado em Abu Dhabi não tinha qualquer contacto com camelos.

“Dado que este último caso apresenta doença grave [com sintomas], mas não tem comorbidades e nenhum histórico de exposição a camelos, produtos crus de camelo ou um caso de MERS-CoV num ser humano, será importante sequenciar o vírus e realizar análises genómicas para detetar quaisquer padrões incomuns”, sustenta a OMS; que continuará a investigar o caso.

Os seres humanos são infetados por MERS através do contacto com dromedários, o hospedeiro natural do coronavírus. As infeções pela doença manifestam-se entre casos assintomáticos e outros de sintomatologia respiratória a doença aguda greve, e até morte. São sintomas habituais a febre, a tosse e a falta de ar. É comum os doentes infetados desenvolverem pneumonia e sintomas gastrointestinais.

A doença parece ser mais grave em idosos e pessoas com sintoma imunológico fragilizado e pode causar insuficiência respiratória, levando a que os doentes fiquem com ventilação assistida. A MERS-CoV tem uma alta taxa de mortalidade.

Segundo a OMS, 35% dos pacientes com MERS-CoV detetada acabaram por morrer, mas há que ter em atenção que muitos dos casos menos graves da doença não serão detetados e reportados.

No total, desde que a doença foi identificada, em 2012, e até junho deste ano, contam-se 2605 casos, a grande maioria dos quais em países do mundo árabe. DO total de casos 936 resultaram na morte do doente.

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