Por Daniela Rebouta, Sales Director da Engel & Völkers Lisboa, Oeiras e Setúbal
Durante vários anos, falar de luxo no setor imobiliário premium era falar de um prestígio evidente: grandes propriedades, acabamentos perfeitos e inúmeras comodidades. Hoje, o conceito está a mudar silenciosamente. Hoje, o verdadeiro prestígio já não se mede apenas pelo que se vê, mas pelo que se vive: pela autenticidade, pelas experiências e pela forma como a arquitetura se funde com o território, a história e a paisagem.
Portugal soube transformar esta mudança numa vantagem competitiva, já que, ao contrário de outros mercados, em Portugal não se vendem apenas casas, vende-se um estilo de vida, vende-se a tranquilidade, o privilégio de acordar com a brisa do mar ou de jantar com vista para um pôr do sol sobre o Tejo e onde cada metro quadrado transporta consigo um valor emocional que dificilmente se encontra noutros países.
Esta mudança fez com que nos últimos anos Portugal conquistasse investidores que procuram isso mesmo: um novo paradigma em que o luxo não é dominado pela ostentação, mas sim pela exclusividade, resultante da qualidade de vida e de propostas adaptadas ao ritmo de vida e às necessidades de cada um. Esta mudança é fruto de um contexto global, mas também do ADN português, que combina, de forma equilibrada, tradição e modernidade.
Hoje, o comprador já não se impressiona apenas com piscinas infinitas, valoriza a integração com a paisagem, a luz natural, a sensação de refúgio e a proximidade a serviços e experiências que enriquecem o quotidiano. Além disso, num mundo dominado pela instabilidade e pela insegurança, Portugal surge precisamente como um refúgio seguro, com clima ameno, ótima gastronomia, segurança e hospitalidade reconhecida, aliados a serviços personalizados e atividades que enriquecem a vida quotidiana e que aumentam o valor percebido das propriedades.
As cidades grandes continuam a liderar o segmento, no entanto, regiões como a Comporta, o Douro e o Alentejo têm vindo a ganhar cada vez mais protagonismo, atraindo quem procura privacidade, contacto com a natureza e um luxo mais discreto e exclusivo. Estes polos emergentes diversificam a oferta, reforçam o posicionamento internacional do país e mostram que o luxo nacional pode ser tanto cosmopolita e urbano, como silencioso e rural.
Esta evolução reflete-se no modo em que são concebidas e reabilitadas as propriedades. O respeito pelo património e pela identidade arquitetónica é cada vez mais visível, e Portugal destaca-se pela capacidade de preservar a alma dos edifícios e, ao mesmo tempo, adaptá-los às exigências contemporâneas conjugando, por exemplo, fachadas históricas reabilitadas com a integração de tecnologias soluções de eficiência energética e serviços personalizados que respondem ao quotidiano exigente dos novos proprietários e cria um produto único que não só mantém o valor como o potencia ao longo do tempo. Esta fusão entre passado e futuro confere ao mercado imobiliário português uma identidade própria, difícil de replicar noutras geografias.
O futuro do segmento passará por aprofundar esta visão: menos ostentação, mais autenticidade, menos quantidade, mais personalização. O valor de um imóvel estará cada vez mais ligado à história que conta e à qualidade de vida que proporciona.
Portugal está ativamente a criar uma nova definição de luxo — onde menos é mais e onde a autenticidade é o verdadeiro sinal de exclusividade e a experiência pessoal se sobrepõe ao excesso onde o valor está na história, na natureza e nas experiências únicas.






