A China divulgou uma série de imagens de satélite em alta resolução mostrando diversos locais estratégicos de Taiwan, numa nova demonstração da sua reivindicação sobre a ilha autogovernada. As fotografias foram publicadas num fio na rede social X pela embaixada chinesa em Washington, acompanhadas de uma mensagem afirmando que “só existe uma China neste mundo” e que “Taiwan é uma parte inalienável do território chinês”. As imagens foram captadas por um satélite da constelação comercial Jilin-1, desenvolvida pela Chang Guang Satellite Technology, uma empresa com ligações reportadas ao Exército de Libertação Popular (ELP), segundo o China Aerospace Studies Institute da Força Aérea norte-americana.
As imagens foram captadas por um satélite da constelação comercial Jilin-1, desenvolvida pela Chang Guang Satellite Technology, uma empresa com alegadas ligações ao Exército de Libertação Popular (ELP), segundo o China Aerospace Studies Institute da Força Aérea norte-americana. A divulgação foi acompanhada da mensagem: “Só existe uma China neste mundo. Taiwan é uma parte inalienável do território chinês. Cada centímetro da província de Taiwan, na China, está vibrante sob a perspetiva do satélite Jilin-1.”
There is but one #China in the world; #Taiwan is an inalienable part of China's territory. Every inch of Taiwan Province, China, is vibrant under the "Jilin-1" space satellite's perspective. 🇨🇳🇨🇳🇨🇳
💧Sun Moon Lake 日月潭
⛰Alishan 阿里山
🏙Taipei City 台北市
⚓️Taipei Port 台北港… pic.twitter.com/bOIvAdrSuy— Chinese Embassy in US (@ChineseEmbinUS) October 31, 2025
Entre as fotografias publicadas, uma mostra Taipé, onde se concentram as principais sedes governamentais e militares de Taiwan, incluindo o Ministério da Defesa Nacional. Outra exibe o Porto de Taipé, uma infraestrutura logística de grande dimensão e um dos mais importantes portos de águas profundas do país, situado a oeste da capital, junto à foz do rio Tamsui.
Uma terceira imagem destaca o Parque Científico de Hsinchu, identificado na publicação chinesa como “Hsinchu Science Park, China”. O parque é um dos polos industriais mais importantes de Taiwan e acolhe empresas líderes mundiais na produção de semicondutores, como a Taiwan Semiconductor Manufacturing Company (TSMC) e a United Microelectronics Corporation (UMC). Taiwan produz mais de 90% dos semicondutores mais avançados do mundo, e qualquer ataque ou sabotagem a estas instalações teria um impacto devastador nas cadeias globais de abastecimento tecnológico.
Outras imagens mostram o Cabo Eluanbi, no extremo sul da ilha, que domina o Canal de Bashi, uma passagem marítima vital entre Taiwan e as Filipinas considerada estratégica para os planos norte-americanos de contenção das forças chinesas. O conjunto de fotografias inclui ainda a cordilheira Alishan e o Lago do Sol e da Lua, ambos no centro de Taiwan e populares destinos turísticos.
A publicação foi amplamente criticada por observadores e analistas internacionais. O jornalista residente em Taipé Michael Turton afirmou na rede X que “enviar imagens de satélite de Taiwan e dizer que é parte da China constitui uma ameaça clara”. Outro utilizador descreveu a mensagem como “uma tentativa de justificar agressão através de falsos reclamos de soberania sobre uma nação que nunca pertenceu à República Popular da China”.
O secretário-geral do Conselho de Segurança Nacional de Taiwan, Joseph Wu, também reagiu: “É Taiwan, não qualquer parte da República Popular da China. Estes delírios obsessivos precisam de parar. A China deve aprender a respeitar a vontade dos povos — começando pelo direito do seu próprio povo a viver livre da autocracia.”
Em Washington, o senador Jim Risch, presidente da Comissão de Relações Externas do Senado dos Estados Unidos, classificou a publicação chinesa como “mais um exemplo da falsificação da história pelo Partido Comunista Chinês e das ameaças descaradas contra uma democracia pacífica”.
A divulgação das imagens ocorre num contexto de crescente pressão militar chinesa sobre Taiwan. A República Popular da China tem realizado voos diários de aviões de combate sobre a linha média do Estreito de Taiwan, além de exercícios navais em larga escala que simulam bloqueios à ilha.
Taiwan, cujo nome oficial é República da China (ROC), tem sido governada autonomamente desde 1949, quando as forças nacionalistas de Chiang Kai-shek se refugiaram na ilha após a vitória comunista na guerra civil chinesa. Apesar de funcionar como um Estado soberano, com governo eleito, forças armadas e relações diplomáticas próprias, Pequim considera Taiwan uma província separatista e não exclui o uso da força para forçar a reunificação.














