Os reguladores chineses vão multar em cerca de 70 milhões de dólares (63 milhões de euros) e banir durante seis meses a filial local da consultora PriceWaterhouseCoopers pelo seu papel de auditora da Evergrande, informou hoje a imprensa local.
O jornal de Hong Kong ‘South China Morning Post’, que cita fontes conhecedoras do processo, afirmou que esta seria a maior multa imposta pela China a uma empresa multinacional de contabilidade, embora o valor referido seja metade do avançado há alguns meses pela agência Bloomberg, de 1.000 milhões de yuan (125 milhões de euros).
O veto impediria a PwC Zhong Tian, a filial chinesa da firma norte-americana, de aceitar novos clientes ou assinar as contas de empresas da China continental durante seis meses, até fevereiro de 2025, como castigo pela sua alegada negligência na avaliação das contas da promotora imobiliária Evergrande. As empresas que se dedicam à fiscalidade ou à consultoria estão isentas da sanção.
No início desta semana, o jornal de Hong Kong Sing Tao Daily afirmou que os reguladores chineses estavam a finalizar os detalhes da sanção depois de terem “acelerado” as investigações.
Em março, o regulador de valores mobiliários da China anunciou uma multa de 4,175 mil milhões de yuan (527 milhões de euros) contra o Grupo Evergrande por emissão fraudulenta de obrigações e ilegalidades na divulgação de informações.
O fundador do grupo, Xu Jiayin, foi multado em mais 47 milhões de yuan (6 milhões de euros), o montante máximo para este tipo de multas, e banido para sempre dos mercados bolsistas.
Na sua investigação, os reguladores descobriram que a Evergrande inflacionou o seu volume de negócios e os seus lucros nos exercícios financeiros de 2019 e 2020, o que resultou na emissão fraudulenta de obrigações e na inclusão de informações falsas nos seus relatórios anuais.
A Evergrande inflacionou o seu volume de negócios até 78 mil milhões de dólares (70 mil milhões de euros) e os seus lucros em mais de 12 mil milhões de dólares (10,7 mil milhões de euros).
“O risco para a reputação da PwC, não só na China, mas numa escala mais alargada, é muito real”, afirmou Richard Murphy, professor de práticas contabilísticas na Universidade de Sheffield, no Reino Unido.
No início de 2023, a PwC demitiu-se da auditoria à Evergrande devido a discrepâncias na quantidade de informação recebida para avaliar as contas da empresa relativas ao exercício de 2021.
Ainda este mês, os administradores legais da Evergrande intentaram uma ação judicial contra a empresa de consultoria, que acusam de “negligência” e “deturpação” no seu trabalho de auditoria das contas da Evergrande, especificamente em 2017 e no primeiro semestre de 2018.
Em consequência do escândalo, a PwC, uma das empresas de auditoria mais utilizadas pelos promotores chineses, perdeu mais de 40 clientes na China, que foram geralmente para rivais como a Ernst & Young (EY) ou a KPMG.














