Mark Schneider, CEO da Nestlé, anunciou a sua demissão após oito anos no cargo, deixando a liderança do maior grupo mundial de alimentação. Laurent Freixe, até agora responsável pelas operações da empresa na América Latina, assumirá o comando a partir de 1 de setembro.
O inesperado anúncio da saída de Schneider, de 58 anos, surpreendeu o mercado. De acordo com a Nestlé, o executivo decidiu “renunciar” aos seus cargos de CEO e membro do conselho de administração. A decisão surge poucas semanas após a divulgação de resultados decepcionantes no primeiro semestre de 2024, período durante o qual a empresa viu-se obrigada a rever em baixa as suas previsões de receitas para o ano, devido a uma queda nos preços mais rápida do que o previsto.
A Nestlé, proprietária de marcas como KitKat, Nescafé, Nespresso, Maggi, Litoral e Purina, conseguiu manter os lucros estáveis nos primeiros seis meses do ano, registando 5.644 milhões de francos suíços (aproximadamente 5.863 milhões de euros). No entanto, a facturação da empresa recuou 2,7%, situando-se nos 45.045 milhões de francos suíços.
A cotação da Nestlé na bolsa tem vindo a enfrentar desafios, com uma perda de cerca de 17% nos últimos cinco anos. Embora durante a gestão de Schneider o valor das ações tenha subido 22%, este aumento fica aquém do desempenho do seu principal concorrente, a Unilever, cuja cotação subiu quase o dobro no mesmo período.
As fracas projeções de crescimento da empresa, que estima um aumento de apenas 3% nas vendas orgânicas em 2024, juntamente com o desempenho pouco inspirador na bolsa, podem ter contribuído para a decisão de substituição na liderança da Nestlé.
Nos primeiros anos à frente da empresa, Schneider foi bem recebido por acionistas e mercados, principalmente devido à venda de negócios considerados não estratégicos, como o setor de cuidados com a pele, para focar a empresa em áreas como nutrição, café e produtos para animais de estimação. Contudo, nos últimos tempos, enfrentou alguns percalços, como a desvalorização de 2.100 milhões de francos do medicamento para alergias ao amendoim em 2023 e problemas de abastecimento na divisão de vitaminas. Além disso, o estancamento das vendas num contexto inflacionista, que levou muitos consumidores a optarem por produtos mais baratos, acentuou as dificuldades.
Laurent Freixe, o novo CEO, traz consigo uma vasta experiência na Nestlé. Com 62 anos e quase 40 anos de carreira na empresa, Freixe é visto como o líder ideal para navegar a empresa neste momento de desafios. O presidente da Nestlé, Paul Bulcke, afirmou: “Laurent é o encaixe perfeito para a Nestlé neste momento. Sob a sua liderança, o grupo reforçará a sua posição como uma empresa fiável e de confiança, através da criação constante e sustentada de valor.”
A nomeação de Freixe é esperada com expectativa, enquanto a Nestlé se prepara para enfrentar um cenário global de consumo em rápida mudança e desafios operacionais significativos.














