Centros de saúde veem ‘desaparecer’ equipas de cuidados paliativos

Falta de profissionais motivou uma carta aberta, assinada por mais de uma centena de profissionais, que foi enviada ao Ministério da Saúde, Direção-Executiva do Serviço Nacional de Saúde, Assembleia da República e grupos parlamentares

Revista de Imprensa
Setembro 8, 2025
9:36

As equipas de cuidados paliativos dos centros de saúde estão a ‘desaparecer’ para outras unidades, atraídas por melhores ordenados e incentivos pelos desempenho, avançou esta segunda-feira o jornal ‘Público’. A falta de profissionais motivou uma carta aberta, assinada por mais de uma centena de profissionais, que foi enviada ao Ministério da Saúde, Direção-Executiva do Serviço Nacional de Saúde, Assembleia da República e grupos parlamentares.

Na carta é defendida a solução de transformar estas equipas em unidades funcionais, que permitam contratualizar objetivos associados a incentivos remuneratórios. Tânia Caeiro, coordenadora da equipa de Cascais, foi a promotora da iniciativa que reuniu assinaturas de mais de 20 das 33 equipas comunitárias de suporte em cuidados paliativos (ECSCP) no país.

O Governo, referem os signatários, valorizou e incentivou os profissionais de saúde e deixou as ECSCP de fora, pelo que existe atualmente “uma assimetria remuneratória muito significativa entre profissionais” destas equipas e das nas unidades de saúde familiar. “Apesar da importância de reforçar as ECSCP, temos assistido à saída de médicos e enfermeiros, principalmente devido a condições de trabalho inferiores às de outras unidades dos cuidados de saúde primários”, apontou a carta.

Marta Guedes, da ECSCP Espinho/Gaia, garantiu haver uma “debandada”. “É muito difícil reter os profissionais porque há outras equipas dos cuidados primários que têm incentivos e são mais atrativas”, indicou a médica.

A ‘debandada’ veio acentuar a carência de recursos no setor. Segundo o Observatório Português dos Cuidados Paliativos, no outono de 2023, apenas 36% das equipas dispõem de pelo menos um médico a tempo inteiro. Cobriam, no final de 2023, apenas 53% do país, sendo que algumas não têm os “requisitos mínimos para o seu funcionamento”. “Esta realidade é reflexo da ausência de investimento, incentivos adequados e reconhecimento do papel das ECSCP”, indicaram os signatários, salientando tratar-se de “uma oportunidade para reverter e atrair profissionais seria através do seu reconhecimento como unidades funcionais dos cuidados de saúde primários”.

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