“Caos total”: Greve da CP vale destaque na imprensa espanhola

A paralisação dos Comboios de Portugal (CP), que está a afetar severamente a circulação ferroviária em todo o território nacional, está a merecer destaque na imprensa internacional, com vários meios de comunicação espanhóis a darem conta do “caos total” vivido em Portugal devido à greve dos trabalhadores ferroviários.

Pedro Gonçalves
Maio 8, 2025
15:53

A paralisação dos Comboios de Portugal (CP), que está a afetar severamente a circulação ferroviária em todo o território nacional, está a merecer destaque na imprensa internacional, com vários meios de comunicação espanhóis a darem conta do “caos total” vivido em Portugal devido à greve dos trabalhadores ferroviários.

O jornal El Español descreve a situação como uma paralisação que deixou “nenhum comboio a operar em Portugal”, referindo que os sindicatos convocaram a greve para exigir “melhorias salariais e laborais” e que “não estão garantidos os serviços mínimos”. Na mesma notícia, o diário espanhol cita José Manuel Oliveira, dirigente da Federação dos Sindicatos dos Transportes e Comunicações (Fectrans), que assegura que esta quinta-feira a paralisação é “praticamente total”, sublinhando que a ausência de serviços mínimos agrava os impactos da greve.

“O período de maior impacto será até 9 de maio, tempo em que a entidade ferroviária ‘não garante a circulação de comboios’”, cita El Español, fazendo referência à informação oficial publicada pela própria CP.

Outro dos jornais espanhóis que dedicou atenção ao tema foi La Voz de Galicia, que destacou o impacto da paralisação na ligação ferroviária entre a Galiza e Portugal. “A greve paralisa esta semana a linha ferroviária entre a Galiza e Portugal”, lê-se no título da peça publicada esta quarta-feira. O jornal aponta especificamente que o comboio Celta, que liga Vigo a Porto, “foi afetado pela greve dos trabalhadores da operadora ferroviária pública lusa”, e que “já não se vendem bilhetes nem para quinta-feira nem para sexta-feira, em nenhum dos sentidos”.

A mesma publicação dá conta de que “todo o país foi severamente afetado, com a prática suspensão dos comboios de passageiros”, e que, como consequência, “a procura de bilhetes de autocarros disparou para os próximos dias, sem que tenham sido anunciados reforços”.

A Voz de Galicia contextualiza ainda que a adesão à greve “rondou os 100% nas primeiras horas”, e lembra que não foi estabelecido qualquer acordo para garantir serviços mínimos, dado que o Tribunal Arbitral considerou “incompatível respeitar o direito à greve e assegurar serviços compatíveis com as necessidades do país”.

Na análise política da situação, o ministro das Infraestruturas, Miguel Pinto Luz, também é citado pelo jornal galego, afirmando que está de acordo com as reivindicações dos trabalhadores, mas que “a situação política, com o Governo em funções e o país em campanha eleitoral, não lhe permite aplicar maiores subidas”. Pinto Luz classificou ainda a paralisação como tendo sido “estrategicamente agendada para a campanha eleitoral” e declarou que “fez o máximo que em situação de governo de gestão se permite”.

Em Portugal, a adesão à greve por parte dos trabalhadores da CP tem sido total desde quarta-feira. Segundo Júlio Marques, da Associação Sindical das Chefias Intermédias de Exploração Ferroviária (ASCEF), “a adesão é de 100%” e “a greve mantém-se” na ausência de cedências por parte do Governo ou da empresa. A CP contestou judicialmente a ausência de serviços mínimos, alegando que a paralisação afeta o acesso ao trabalho, saúde e educação, mas o Tribunal Arbitral não decretou essa obrigatoriedade.

Esta paralisação, convocada por 15 sindicatos, deverá prolongar-se até 14 de maio e está a afetar milhares de passageiros diariamente. Com a atenção da imprensa internacional focada no que acontece nas estações portuguesas, a greve assume contornos de crise nacional com eco além-fronteiras.

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