O Camboja e a Tailândia vão retomar esta semana, na Malásia, as negociações sobre a disputa fronteiriça que voltou a agravar-se no final de julho. O encontro, que decorre sob a égide do Comité Geral de Fronteira (GBC), reunirá os ministros da Defesa dos dois países e visa restaurar o diálogo diplomático após confrontos armados que deixaram marcas na província fronteiriça tailandesa de Sisaket.
O Ministério da Defesa do Camboja confirmou que aceitou a proposta tailandesa para realizar o encontro na capital malaia, Kuala Lumpur, e manifestou otimismo quanto ao desfecho do diálogo. “Gostaria de aproveitar esta oportunidade para confirmar que o Camboja acolhe positivamente a proposta da Tailândia para realizar a reunião do Comité Geral de Fronteira”, declarou a tenente-general Maly Socheata, porta-voz e subsecretária de Estado da Defesa do Camboja, numa conferência de imprensa realizada na passada sexta-feira, dia 1 de agosto.
Socheata acrescentou que o país está “muito confiante de que esta reunião será construtiva e produzirá resultados positivos”.
Altos responsáveis da Defesa vão estar presentes
A reunião contará com a presença do ministro da Defesa do Camboja, Tea Seiha, e do vice-ministro da Defesa da Tailândia, Nattaphon Narkphanit, segundo confirmou a mesma fonte cambojana.
Por sua vez, o Ministério da Defesa tailandês informou, através de uma publicação nas redes sociais, que Nattaphon respondeu oficialmente ao convite cambojano para esta reunião extraordinária do GBC. Na sua mensagem, o vice-ministro manifestou satisfação por participar no encontro e reafirmou o compromisso de Banguecoque com a redução de tensões e a resolução pacífica das questões de segurança na fronteira comum.
Os dois países asiáticos partilham uma fronteira historicamente sensível, e os confrontos mais recentes eclodiram a 24 de julho, com escaramuças entre forças militares cambojanas e tailandesas em áreas disputadas. Quatro dias depois, a 28 de julho, foi alcançado um cessar-fogo mútuo, que entrou em vigor à meia-noite desse dia, com a mediação da Malásia.
Entretanto, continuam a existir pontos de discórdia, nomeadamente em relação ao destino dos militares capturados durante os confrontos.
Segundo informou Maly Socheata na mesma conferência, apenas dois soldados cambojanos tinham sido libertados pela Tailândia até às 11h da manhã do dia 1 de agosto. “Por isso, o Camboja continua a instar a parte tailandesa a repatriar prontamente o restante pessoal, em conformidade com o direito internacional humanitário”, apelou a porta-voz do Ministério da Defesa.
A tensão reacendeu-se quando um posto de abastecimento tailandês, com uma loja da cadeia 7-Eleven, foi atingido por artilharia cambojana na cidade fronteiriça de Kantharalak, na província tailandesa de Sisaket — um incidente que levou à visita de adidos militares e diplomatas de 23 países ao local, sublinhando a preocupação internacional com a estabilidade regional.














