A autarquia de Matosinhos despendeu somas elevadas com “reuniões de trabalho” que envolveram Luísa Salgueiro (PS), algumas superiores a mil euros. Segundo a investigação da revista ‘Sábado’, várias contas ultrapassam os 700 euros e há casos que atingem mais de 1.000 euros. Houve encontros formais da socialista à mesa com deputados, ex-ministros, CEOs e até párocos, todos classificados como “reuniões de trabalho” – ao todo, foram 146 refeições, com 116 a serem oficialmente designadas como “reunião de trabalho” ou “almoço de trabalho” tidas pela presidência da câmara municipal de Matosinhos entre 2022 e 2024. Nesse triénio, foram gastos 31.171 euros, de que resultou uma média de 214 euros por refeição.
Um dos episódios mediatizados ocorreu a 19 de janeiro de 2024: um almoço no restaurante Valentim, em Matosinhos, foi apresentado como “almoço de trabalho no âmbito da candidatura de Matosinhos ao Fundo para Transição Justa”. O valor da conta ascendeu a 780 euros. A autarquia arcou com esse custo, atribuindo-lhe carácter institucional, sendo um de dezenas desses encontros em marisqueiras da zona costeira.
Transparência parcial e controvérsias
Mesmo após as críticas, o gabinete de Luísa Salgueiro, que se recandidata à Câmara Municipal de Matosinhos, só aceitou mostrar faturas referentes ao consumo depois das eleições. Esta prática, indicou a ‘Sábado’, levanta dúvidas sobre o uso de fundos públicos e a genuína natureza institucional desses eventos. A implicação política dessas decisões torna-se ainda mais sensível em contexto eleitoral.
A entrega de recursos municipais para cobrir refeições e encontros com parceiros estratégicos é uma prática com contornos políticos evidentes. Em ambiente de campanha eleitoral, a gestão destes custos assume um duplo papel: operacional e simbólico. A divulgação parcial das faturas e a falta de clareza sobre o critério para classificar encontros como “de trabalho” alimenta críticas quanto ao equilíbrio entre interesse público e promoção partidária.














