Pequeno-almoço debate: “Gestores apostam cada vez mais na sua formação”

As instituições de ensino presentes no pequeno-almoço debate da Executive Digest são unânimes: os gestores procuram oportunidades de aprendizagem que os capacitem a alcançar um melhor desempenho, acrescentando valor para os próprios e para as equipas. Susana Ferreira (Marketing director da Nova School of Business and Economics), Luís Schwab (Marketing Management executive course coordinator do IPAM), João Valentim (Executive Education manager da AESE Business School), Paulo Martins (head of Overall Market Solutions do Iscte Executive Education), Rita Anjos (Program Admissions manager do Iscte Executive Education), Francisco Velez Roxo (presidente do ISEG Executive Education) e Ana Côrte-Real (head of Faculty & Executive MBA director da Porto Business School) foram os especialistas presentes na última conversa sobre o ensino de executivos.

NEGÓCIO A CRESCER

Deste modo, os temas financeiros, tecnológicos e de sustentabilidade continuam com uma procura bastante activa. «Os comportamentais, de integração e desenvolvimento de equipas também são muito requisitados, sobretudo pelas empresas. Em relação à Inteligência Artificial ninguém quer ficar para trás, nem que seja em formações mais curtas, para esclarecer os colaboradores de forma transversal. Também há cada vez mais organizações preocupadas com a parte da Responsabilidade Social. A nível individual, a procura mantém-se estável e a tomada de decisão encontra-se mais rápida, com os MBA e os programas estruturantes de gestão a servirem como barómetros para o aumento de investimento», assim se inicia a conversa com algumas das principais instituições da área de formação de executivos em Portugal. Os programas de Business analytics e Data Analytics são igualmente solicitados pelos gestores de topo, pois no mundo dos negócios actual, ter acesso a dados e saber como usá-los de maneira estratégica é crucial para o sucesso das empresas.

Os membros presentes neste encontro concordam que as empresas estão a lidar com um desafio de crescente exigência pelos seus colaboradores em terem formação. Estar atento às variações do mercado, às necessidades das organizações e aos interesses dos profissionais é determinante para oferecer uma oferta formativa relevante. «É fundamental promover uma cultura de aprendizagem ao longo da vida, incentivando as empresas a investirem no desenvolvimento dos seus colaboradores», diz um dos participantes neste pequeno-almoço debate organizado pela Executive Digest.

Mesmo tendo em conta o contexto internacional, as eleições norte-americanas e as previsões de crescimento económico, os membros presentes reconhecem que o ano lectivo foi bom em termos de negócio e que no futuro prevêem estabilidade. «Muitas vezes, é a sensação de incerteza que leva a não tomada de decisão, mas agora vejo estabilidade. Se os nossos clientes estão bem, eles investem. Nas escolas de formação de executivos é reconhecida a qualidade do nosso ensino e a prova disso são o reconhecimento dos rankings internacionais e a qualidade dos nossos jovens, chamados para trabalhar lá fora», explica outro dos intervenientes.

Nesse sentido, verifica-se que cada vez mais jovens procuram pós-graduações ou programas intensivos, não necessariamente para obter a certificação, mas para receberem um conjunto de competências que os torne mais válidos no mercado de trabalho. «Eles desejam entrar mais rapidamente no mercado e vão à procura de ter contacto com executivos. Temos alunos que querem saltar da licenciatura para o MBA», acrescenta outro membro. Ao mesmo tempo, as instituições sentem que muitos formandos optam por voltar às escolas ao fim de alguns anos, mesmo que já tenham no currículo um MBA. «Há uma necessidade de um conjunto de formação mais técnica e específica por alunos que supostamente não voltariam à escola», afirma um dos participantes.

De facto, a formação ao longo da vida tornou-se cada vez mais crucial no mundo actual em rápida evolução. «Temos pessoas de 53 ou 54 anos a fazer estes programas pois têm pela frente mais uma década para trabalhar e necessitam destas competências. De uma maneira geral são alunos muito interessantes, experientes, fazem boas partilhas e não estão preocupados com a nota», acrescenta outro membro presente. Em cima da mesa de debate esteve ainda o empreendedorismo sénior, uma tendência internacional, que traz consigo muitas vantagens, decorrentes de toda a experiência acumulada ao longo dos anos.

Em relação ao formato, o online permite ter formandos de várias partes do mundo. No entanto, em alguns programas, como o MBA, realizam-se dias presenciais para todos poderem partilhar experiências. «A conveniência faz com que seja um formato interessante e temos a responsabilidade de criar a experiência para o aluno», conta um dos participantes.

LITERACIA FINANCEIRA

De facto, as empresas têm passado por um conjunto de transformações intensas relacionadas com estilos de liderança, modelos de trabalho ou gestão de equipas. Nesse sentido, um dos desafios passa também por dar ferramentas de literacia financeira aos colaboradores. «Tenho sentido que as empresas têm procurado fazer sessões com as instituições financeiras», sublinha um dos intervenientes, referindo ainda o bom exemplo da Câmara Municipal do Porto, que vai implementar em todas as escolas do concelho uma disciplina de literacia financeira que irá abranger os alunos do 1.º ao 12.º anos.

Do mesmo modo, torna-se importante referir a obra “79 vozes pela Literacia Financeira – Por uma Melhor e Maior Independência ao Longo da Vida”, do Iscte, e que reúne opiniões e análises de um vasto conjunto de personalidades nacionais movidas pelo mesmo objectivo: promover a literacia financeira junto do maior número de portugueses.

Os membros deste encontro organizado pela Executive Digest lembram também casos de empresas mais maduras e que já incorporam formação em literacia financeira numa óptica de valorizar o colaborador e as próprias organizações. «Em formações para organizações mais estruturadas há uma preocupação em incorporar temas de sustentabilidade financeira, de controlo de performance. Isto leva a uma maior sensibilidade para os números e consciência nas decisões tomadas. » Um outro participante sublinha que «a procura por estes temas aumentou nos programas open das áreas financeiras, mas para investimento próprio e não a título profissional».

Portugal é o segundo país da União Europeia pior classificado em literacia financeira, sobre questões como inflação e juros, segundo um estudo divulgado no início deste ano. «Primeiro é preciso assumir o problema e atacá-lo de base. Caso contrário chegamos à idade madura como causadores de stress, seja a nível individual como para as empresas», conclui um dos participantes neste encontro.

Este artigo faz parte do Caderno Especial “MBA, Pós-graduações & Formação de Executivos”, publicado na edição de Setembro (n.º 222) da Executive Digest.

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