NTT Data: Os ciclos de inovação e evolução digital estão cada vez mais curtos

Como definem Transformação Digital?

Creio que a transformação digital tem obrigatoriamente de acrescentar valor ao negócio e pode ser vista a duas velocidades: a primeira, numa lógica mais experimental, pode servir para testar conceitos e tecnologias, para depois ser escalada. A segunda, mais profunda e transformacional, pode ser entendida como uma jornada e impõe a conjugação de diferentes áreas de competência para incidir em uma ou mais áreas, contemplando diferentes casos de uso. Os projectos bem-sucedidos são aqueles em que os objectivos que motivaram o processo de transformação são alcançados ou superados.

Como analisam a maturidade digital das empresas?

No último ano e meio assistimos ao desenvolvimento acelerado da Inteligência Artificial Generativa, o que mostra como os ciclos de inovação e evolução digital estão cada vez mais curtos. Isso significa que maturidade digital das organizações deve ser analisada numa perspectiva diferente do que era há pouco tempo. Porquê? Porque o que levava uma organização a ser considerada madura há uns anos é diferente de agora. A pandemia acelerou muito a digitalização das empresas: deu-se um salto na utilização da cloud, nos ambientes de trabalho digitais, no e-commerce, na cibersegurança, etc. Mas o mundo não pára, a inovação é constante e as conquistas recentes não podem deixar acomodar as empresas. Há espaço para evolução nos domínios que referi e em muito outros que emergiram, entretanto. Observando a realidade portuguesa, eu diria que há uma grande diferença entre as grandes empresas e todas as outras, que são a maior parte do tecido empresarial nacional. As grandes empresas já têm os seus negócios suportados por tecnologia e estão interessadas e disponíveis para experimentar e testar novos casos de uso, para se manterem na dianteira das suas indústrias. Em concreto, no que diz respeito à modernização de sistemas legados, na migração para a cloud, na exploração da inteligência artificial e da Internet das Coisas (IoT), assim como outras tecnologias emergentes. Por sua vez, as empresas sem recursos para esse investimento, estão menos maduras do ponto de vista digital e, como tal, menos competitivas.

Quais são os desafios mais comuns que as empresas enfrentam?

Creio que os grandes desafios que as organizações enfrentam em processos de transformação digital são os seguintes: (1) a escassez de talento na área das TI, que é uma realidade que não afecta apenas as empresas de tecnologia, também impacta a modernização dos clientes; (2) a falta de conhecimento especializado, que é cada vez mais necessário à medida que as tecnologias evoluem e se desdobram em subáreas; (3) os recursos financeiros necessários para escalar casos de uso de sucesso.

E como é que a consultoria apoia as empresas no processo de transformação digital?

A consultoria é fundamental em processos de transformação digital. Como dizia anteriormente, estes projectos exigem a conjugação de diferentes áreas de competência – estratégia, conhecimento de negócio, competências tecnológicas, capacidades de gestão e de integração – com uma sólida rede de parceiros – hyperscalers, como a Microsoft, a Google e outros -, até aceleradores e infraestruturas tecnológicas. Há muito poucas empresas no mundo que consigam reunir todos estes atributos e a NTT DATA é uma delas. Nós diferenciamo-nos precisamente por isso, mais ainda porque conseguimos conjugar uma dimensão global – estamos em mais de 50 países, investindo 3,6 mil milhões de dólares em I&D – com uma abordagem local. Isso significa que muitos dos projectos que desenvolvemos passam por criar equipas híbridas, formadas por consultores nossos e equipas do cliente, que conjugam várias competências no desenvolvimento de soluções à medida dos desafios que temos pela frente – podem ser maiores ou mais pequenos. Isto permite-nos suprimir a escassez de talento e, em simultâneo conjugar diferentes especialidades para superar um desafio comum, que é endereçado de forma colaborativa, em alguns casos, até, com investimento partilhado.

Quais as principais tendências que estão a emergir nos próximos anos e como se preparam para elas?

A inteligência artificial e a inteligência artificial generativa são duas tecnologias tendência incontornáveis. Todas as grandes empresas estão muito curiosas e disponíveis para perceber e testar soluções de como aproveitar estas tecnologias para ganhar uma vantagem competitiva. No mesmo plano, verificamos uma grande aposta das empresas na optimização das suas estratégias na cloud, para poderem tirar o máximo partido dos dados e melhorarem a experiência do cliente. Por consequência, também a cibersegurança está no topo das prioridades. Num nível um pouco diferente, verificamos um interesse crescente em temas de IoT (Internet das Coisas) – é de prever que a computação periférica acelere a digitalização da economia e da vida em sociedade, tornando por exemplo a indústria 4.0 uma realidade – assim como na área da computação espacial, até aqui muito associada ao metaverso, e que irá ganhar um novo impulso em breve. Creio que as grandes tendências de transformação digital andam à volta destes temas.

>> Ricardo Lebre, Partner & Head of Technology, NTT DATA Portugal

Este artigo faz parte do Caderno Especial “Transformação Digital”, publicado na edição de Agosto (n.º 221) da Executive Digest.

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