NOVA SBE – Captar e promover talento
É um projecto único, em décadas em Portugal. Com a deslocalização para Carcavelos – cujo pólo ficará concluído este ano, apenas e só com fundos privados – a Nova SBE procura fazer crescer uma rede de contactos para a internacionalização da economia portuguesa no futuro, assente no Ensino Superior. Para além da internacionalização e da captação de alunos estrangeiros, as parcerias podem ser uma forma de captar talentos, diz Luís Rodrigues, CEO da Nova SBE Executive Education.
O que é que a Nova SBE está a fazer para reter e captar talento?
Está a formar-se talento suficiente para as necessidades do país? O nosso papel é contribuir decisivamente para desenvolver as empresas, os executivos, a economia e a sociedade. Num mercado pautado pela ausência de métricas globais fiáveis, é difícil avaliar o investimento nacional em formação. Refiro muitas vezes um estudo do IMD sobre o Talento nas economias. Todos os anos mede a posição competitiva das empresas em mais de 30 factores, e um deles é a importância que as empresas nacionais dão à formação dos seus colaboradores. Nesse factor estamos em 58.º lugar (em 63 empresas). Não pode ser. As empresas têm de entender que têm de investir nos recursos humanos e disponibilizar formação ao seu capital humano sistematicamente, ou então, nunca vamos conseguir dar a volta. Felizmente, os mercados começam aos poucos a perceber que cortar na formação é hipotecar o futuro. Os indivíduos idem. Trata-se de um investimento que, normalmente, é bem recuperado se for bem entregue. E as escolas estão cá para ajudar a suprir as necessidades de formação, seja aqui, seja dentro de universidades corporativas. Seja nas próprias escolas. Estamos cá para ajudar a fazer crescer o bolo – queremos contribuir para que empresas e instituições nacionais sejam vez mais fortes!
Tendo em consideração o mundo VUCA em que vivemos, quais terão de ser as qualidades dos líderes do futuro e de que forma as formações de Executivos/MBA/ Pós-Graduações os preparam?
Os profissionais responderão melhor que nós. Mas uma coisa é certa: qualquer líder ou futuro líder deveria ter como exigência a sua formação contínua e permanente, coisa que em Portugal ainda temos um longo caminho a percorrer. E quem não entra no registo “formação para a vida” depressa fica obsoleto. Num mundo VUCA, marcado por um enorme grau de incerteza e distracção permanente causada pelas tecnologias, é de um valor acrescentado inimaginável poder sair desse ambiente para um de formação e ter a capacidade de reflectir a médio prazo.
A verdadeira resposta é perceber que não temos 20 e 30 anos eternamente e que o mercado exige de nós, à medida que vamos somando idade e senioridade, mais conhecimento e formas de decisão. Só com conhecimento se chega lá. Não começar a investir cedo em formação é um erro. Não investir em formação quando se entra num ciclo de maior maturidade é outro. Não há insubstituíveis. Quando a variável em jogo é o conhecimento… não é fácil substituírem o que sabemos e o que vivemos. Muita da nossa riqueza vem daí.
De que forma é que as escolas de negócios podem promover o empreendedorismo e dinamizar o ecossistema de startups?
Desafios, desafios, desafios. Se não se criarem desafios na formação passa a ser um ensino convencional, unidirecional. Se não se criarem momentos de avaliação perante chefias e boards e elementos da academia, não se conseguem experiências de verdade. Se não se criarem aproximações disruptivas não se mimetizam os tempos e as envolventes das empresas. Se não se trouxerem wild cards e novas gerações para criticar nunca se fará futuring ou scenario building. Seja para dinamizar o ecossistema de startups, seja para promover um espírito empreendedor.
Ao nível das empresas, o que é que mudou nos últimos cinco anos no relacionamento com a Nova SBE?
A obsessão com a co-criação, a criação conjunta. De lá nascem, em conjugação com os nossos parceiros empresariais, formatos e conteúdos que muitas vezes pensamos não serem vendáveis. Mas são-no. E os nossos clientes querem-nos. Isto tem resultado num aumento do número de empresas, do total de participantes e do volume de facturação. Outro fenómeno é que passámos a ter como clientes PME’s e não apenas as grandes. Muito bom para perceber que a formação se tornou um investimento e que nós somos o parceiro. Prova disso é a concretização de um projecto como o novo campus em Carcavelos.
É necessário dinamizar mais esta relação? De que forma?
As empresas historicamente diziam que a academia estava longe delas. Pelo lado da academia, estamos próximos e alinhados. Se é suficiente? Para nós nunca. Para as empresas, e uma vez descoberto o caminho para a universidade, também quererão mais. Ou seja, podemos dizer que há muitas empresas a trabalhar em permanência com as universidades e que a proximidade é grande, para não dizer que estão ambas muito alinhadas nas suas atuações em várias áreas. Isto é válido para a formação de executivos como para vários tipos de trabalhos de consultoria, de projectos com alunos ou de field labs.
Quais as principais necessidades das empresas quando procuram programas customizados?
As empresas procuram desenvolvimento. Acima de tudo, querem mudar a forma de pensar, reestruturar a sua oferta. Querem – e precisam. Mas precisam também de espaço para pensar numa experiência marcante e desafiante, que muitas vezes só uma mudança de contexto o permite.
Fala-se muito de transformação digital, mas as reais necessidades das empresas passam pela emergência de lideranças que saibam efectivamente liderar; onde é necessário inovar e conseguir open innovation approaches. A real necessidade é ao nível do desenvolvimento de soft skills, que precisam de ser treinadas, e adaptadas ao contexto e cultura de cada organização.
Conscientes disto, a oferta que temos para as empresas é construída em conjunto com cada parceiro. Não disponibilizamos uma lista de temas; apresentamos o que elas precisam, e cocriamos cada programa, com impacto no que a empresa pretende. E se não tivermos disponíveis recursos para o fazer, procuramos o parceiro relevante para garantir a qualidade.
É possível garantir que há, de facto, uma mudança de atitude após as formações? Como é que a Nova SBE faz este acompanhamento?
É natural que as soft skills se tornem cada vez mais fulcrais nas escolas de negócios, porque as empresas são feitas de pessoas. As escolas já se consciencializaram de que este é um ponto crítico em termos de formação, mas como é que as empresas em Portugal percebem que têm de investir no desenvolvimento sério das competências dos seus trabalhadores? A realidade é que este é um dos poucos investimentos que se traduz em retorno imediato.
Imagine que um participante chega ao seu local de trabalho e põe em prática uma das coisas que aprendeu. E agora imagine 30 participantes a fazer isto na mesma organização. Ao fim de pouco tempo o impacto será enorme.
Na Nova SBE acabámos de lançar um curso que permite um acompanhamento mais personalizado em soft skills, o Coaching para Executivos. É um serviço que disponibilizamos a quem queira trabalhar competências de forma mais personalizada. É cada vez mais difícil parar para pensar, ainda menos sobre si e arranjar tempo para gerir o percurso profissional. Tudo parte de um diagnóstico inicial e pretende maximizar desempenho e realizar potencial.
Quais os benefícios para as universidades e país de uma promoção conjunta, no exterior, da formação em Portugal?
Na generalidade temos uma mentalidade que não aceita o fado de estarmos confinados a um pequeno rectângulo à beira mar, e por isso, metemo-nos em projectos como o de construir um campus de raíz. Situação que acontece em Portugal pela primeira vez em 40 anos e com fundos totalmente privados, que comprovam o apoio da comunidade envolvente – inclusive do Banco Europeu de Investimento, que considerou este investimento como sendo estratégico.
De facto, o projecto poderá ser o ponta de lança de uma nova indústria exportadora, que a Nova SBE tão bem tem desenvolvido desde o acordo de Bolonha e o potencial que isso trouxe ao mercado dos Mestrados pré-experiência – e que temos o pretexto perfeito para alargar a toda a nossa oferta. Com a deslocalização para Carcavelos, queremos uma rede de contactos para a internacionalização da economia portuguesa no futuro, assente no Ensino Superior. Para além da internacionalização e da captação de alunos (e professores) estrangeiros, as parcerias podem também representar uma maior captação de talentos para o mercado nacional, através de processos conjuntos de recrutamento.
Com apoios públicos e privados, será mais fácil concretizarmos a criação de uma marca internacional para Portugal: a de um país associado ao conhecimento e à inovação, captando e fixando talento de todo o mundo e atraindo mais investimento estrangeiro nesta área. Mais, beneficiamos de uma cultura e estilo de vida únicos! Somos europeus na nossa cultura e valores… mas somos únicos a acolher quem nos escolhe – seja para umas férias, para estudar, ou cá ficar permanentemente.
É essa paixão que marca o projecto da Nova SBE, marca a parte académica, marca o envolvimento com os alunos e isso com o tempo acaba por fazer a diferença. Acreditamos que é algo que irá revolucionar a forma como se pensa o ensino superior em Portugal e o desenvolvimento pessoal e empresarial.