Moeve: Transição energética em aceleração na Península Ibérica
A antiga Cepsa adoptou, em Outubro de 2024, uma nova identidade e um novo nome: Moeve. A mudança representa uma viragem estratégica com foco na mobilidade sustentável e na transição energética. Em entrevista à Executive Digest, José Aramburu Delgado, CEO da Moeve Portugal, explica a estratégia da companhia.
O que motivou a mudança de nome de Cepsa para Moeve?
Esta mudança reflecte a profunda transformação estratégica pela qual a empresa tem vindo a passar desde o lançamento da sua iniciativa Positive Motion, em 2022. Esta alteração de marca foi impulsionada pelo compromisso de se afirmar como uma referência na transição energética na Europa, com especial enfoque em soluções sustentáveis como o hidrogénio verde, os biocombustíveis de segunda geração (2G) e a mobilidade eléctrica ultrarrápida.
Seis meses depois, a Moeve começa já a consolidar a sua nova identidade como símbolo de um modelo empresarial que vai além da oferta energética tradicional. A empresa pretende não apenas contribuir activamente para a descarbonização do Planeta, mas também oferecer uma nova experiência de mobilidade sustentável aos seus clientes. Paralelamente, assume o propósito de gerar um impacto positivo ao longo de toda a cadeia de valor, desde os colaboradores até aos parceiros, fornecedores e demais partes interessadas.
A Moeve anunciou que vai investir até 8 mil milhões de euros em hidrogénio verde, biocombustíveis e mobilidade eléctrica. Quais são os principais projetos em curso nestas áreas?
A Moeve, através da sua estratégia “Positive Motion” para 2030, planeia investir até 8 mil milhões de euros, destinando mais de 60% desse valor a negócios sustentáveis. Entre os principais projectos em curso está o desenvolvimento do Vale Andaluz de Hidrogénio Verde, na Península Ibérica, que inclui a instalação de duas unidades de produção em Palos de la Frontera (Huelva) e San Roque (Cádiz), com uma capacidade total de 2 GW de eletrólise até 2030. Este projecto permitirá gerar cerca de 300.000 toneladas de hidrogénio renovável por ano, com um investimento de até 3 mil milhões de euros e a criação de aproximadamente 10.000 postos de trabalho. No domínio dos biocombustíveis de segunda geração, a Moeve está a construir, em parceria com a Bio-Oils, a maior fábrica do sul da Europa, também localizada em Palos de la Frontera. Este complexo terá um investimento de 1.200 milhões de euros e capacidade para produzir um milhão de toneladas por ano de combustível de aviação sustentável (SAF) e diesel renovável (HVO). Relativamente à mobilidade eléctrica, a empresa atingiu recentemente o marco de 100 postos com carregamento elétrico ultrarrápido nas principais estradas de Portugal e Espanha, promovendo a adopção de veículos eléctricos e melhorando significativamente a experiência dos utilizadores. Estas iniciativas demonstram o forte compromisso da Moeve com a transição energética e a sustentabilidade.
Como está a Moeve a desenvolver a sua rede de carregadores ultrarrápidos na Península Ibérica, e quais são os objetivos para Portugal?
A Moeve já instalou cerca de 180 carregadores ultrarrápidos nas principais estradas de Portugal e Espanha e planeia expandir este número para 400, posicionando- -se como uma das maiores redes de carregamento eléctrico ultrarrápido na região. Adicionalmente, graças à rede da Moeve e às parcerias estabelecidas com a Emovili, EnBW, Endesa, Ionity, Mobi.E, Powerdot, Total Energies e Zunder, a Moeve oferece 11.403 pontos de carregamento elétrico em Portugal.
A Moeve estabeleceu acordos que permitem acesso a mais de 90.000 pontos de carregamento na Europa. Como é que estas parcerias beneficiam os utilizadores portugueses de veículos eléctricos?
Através de acordos de interoperabilidade, a Moeve proporciona aos utilizadores portugueses de veículos eléctricos acesso a mais de 11.000 pontos de carregamento em Portugal e cerca de 90.000 em toda a Europa. Estas parcerias permitem que os clientes da Moeve utilizem uma extensa rede de carregamento nos principais corredores europeus, incluindo países como França, Alemanha, Bélgica, Países Baixos, Luxemburgo, Itália e Polónia. Este acesso alargado facilita viagens internacionais e promove a mobilidade eléctrica sem fronteiras. Além disso, a utilização da aplicação Moeve gow ou do cartão RFID simplifica o processo de carregamento, oferecendo uma experiência mais conveniente e integrada aos utilizadores.
Como está a Moeve a transformar a sua rede de postos em Portugal e quais são os principais destaques dessa mudança?
A Moeve está a levar a cabo uma transformação profunda e estratégica da sua rede de postos em Portugal, com o objectivo de redefinir a experiência do cliente e reforçar o seu posicionamento enquanto marca inovadora e comprometida com a mobilidade sustentável. Esta transformação abrange não apenas a modernização visual dos postos, mas também uma reestruturação significativa da oferta de serviços e produtos. Actualmente, a rede Moeve já conta com 10 postos em funcionamento em localizações emblemáticas no território nacional como Lisboa, Porto, Coimbra, Cascais e Algarve, estando prevista a transformação de cerca de 30% da rede até ao final do ano. Este processo faz parte de um plano de transformação que se estenderá ao longo dos próximos três anos, com o objectivo de renovar progressivamente toda a rede. Entre os elementos mais visíveis e distintivos desta transformação destaca-se a nova identidade cromática, que transmite modernidade, dinamismo e reforça os valores da marca. A oferta de serviços foi igualmente repensada, com especial enfoque nas novas lavagens automáticas, mais eficientes, tecnológicas e amigas do ambiente, e na introdução do conceito Moeve Market: um espaço de conveniência moderno que disponibiliza uma oferta diversificada de produtos alimentares, bebidas, snacks, café de qualidade e outras soluções pensadas para quem procura rapidez, conforto e qualidade.
Como é que a Moeve pretende integrar o hidrogénio verde na sua oferta energética e qual o impacto esperado no mercado português?
A Moeve pretende integrar o hidrogénio verde na sua oferta energética através de um conjunto de iniciativas estratégicas que visam reforçar o seu papel na transição para uma economia de baixo carbono. Um dos principais projectos em curso é o Vale Andaluz de Hidrogénio Verde que permitirá gerar cerca de 300.000 toneladas de hidrogénio renovável por ano. Paralelamente, a empresa integra a Aliança para o Corredor Sudoeste de Hidrogénio H2med, com o objetivo de acelerar a descarbonização através da criação de um corredor de hidrogénio que ligará o sul ao norte da Europa, promovendo a integração do mercado europeu de hidrogénio. Para optimizar a produção, a Moeve estabeleceu parcerias com líderes tecnológicos, como a thyssenkrupp nucera e a Siemens Energy, que fornecerão os electrolisadores necessários. Em Portugal, a Moeve já iniciou a transformação dos seus postos, com vista à inclusão do hidrogénio verde como alternativa de abastecimento.
De que forma a cadeia R’Spiro se integra na estratégia de transformação da Moeve?
A R’Spiro surge como um elemento- chave na estratégia de transformação da Moeve. Mais do que um espaço de restauração, a R’Spiro foi concebida como uma experiência gastronómica prática, moderna e alinhada com os novos hábitos de consumo. A sua oferta inclui opções equilibradas, saudáveis e saborosas, desde refeições ligeiras a snacks frescos e bebidas de qualidade, com especial destaque para o café. Este conceito pretende transformar as paragens para abastecimento, especialmente nos contextos de mobilidade eléctrica, onde o tempo de carregamento é maior, em momentos agradáveis de pausa, conforto e conveniência. Ao integrar-se harmoniosamente no ecossistema Moeve, a R’Spiro contribui para fazer dos postos verdadeiros destinos, reforçando a missão da marca de promover uma mobilidade mais fluida, sustentável e centrada no cliente.
Como é que a Moeve está a apoiar a descarbonização dos transportes pesados, especialmente através do fornecimento de combustíveis renováveis como o HVO100?
A Moeve está a apoiar a descarbonização dos transportes pesados através da disponibilização de combustíveis renováveis, como o HVO100. Este gasóleo renovável de alta qualidade pode ser utilizado diretamente nos motores diesel existentes, permitindo uma redução significativa das emissões de CO2 sem necessidade de modificações nos veículos. Ao fornecer o HVO100 nos seus postos, a Moeve oferece uma solução prática e imediata para empresas de transporte que procuram diminuir a sua pegada ecológica. Esta iniciativa insere-se na estratégia da empresa de promover a mobilidade sustentável, disponibilizando alternativas energéticas mais limpas e eficientes para o sector dos transportes pesados.
Quais são as metas de sustentabilidade da Moeve para os próximos anos e qual a estratégia para as alcançar?
Actualmente, a Moeve está a direccionar os seus esforços para liderar a transição energética na Europa, com foco nas energias e mobilidades sustentáveis. Através da estratégia “Positive Motion” para 2030, a Moeve planeia investir até 8 mil milhões de euros, destinando mais de 60% desse montante a negócios sustentáveis, como a produção de hidrogénio verde, biocombustíveis de segunda geração e infraestruturas de carregamento elétrico ultrarrápido. Este compromisso reflecte a determinação da Moeve em transformar-se numa referência em energia e mobilidade sustentáveis, acelerando a descarbonização e promovendo soluções inovadoras para um futuro mais verde.
Como é que a Moeve vê o seu papel na transformação do mercado energético em Portugal e na promoção de uma economia de baixo carbono?
A Moeve posiciona-se como um agente fundamental na transformação do mercado energético em Portugal, comprometendo-se activamente na promoção de uma economia de baixo carbono. A empresa está a investir significativamente em energias renováveis e tecnologias limpas, bem como na expansão da infraestrutura de carregamento para veículos eléctricos, contribuindo para a redução das emissões de gases, mas também para a promoção da inovação no país.
Este artigo faz parte do Caderno Especial “Ecologia, eficiência energética e mobilidade elétrica”, publicado na edição de Abril (n.º 229) da Executive Digest.