Faculdade de Ciências Humanas: Criação de valor

Em entrevista à Executive Digest, Nuno Goulart Brandão, coordenador da Escola de Pós-Graduação e Formação Avançada da FCH, explica os principais desafios para o futuro.

A Escola de Pós-Graduação e Formação Avançada da FCH já existe há mais de 15 anos. Como tem sido a evolução da escola desde a sua criação? Quais foram os marcos mais importantes?

A evolução tem sido extremamente positiva e temos conseguido criar uma oferta relevante para o mercado, para as empresas e, acima de tudo, para as pessoas. Nos últimos cinco anos triplicamos tanto o número de formandos como a oferta formativa. O lema será sempre crescer, mas de modo sustentável e com o correcto posicionamento na criação de valor permanente e partilhado entre a Escola de Pós-Gradução e Formação Avançada (EPGFA) da FCH-UCP e os seus formandos e as necessidades do mercado de trabalho. Durante este período também atravessamos vários obstáculos como a pandemia e as actuais incertezas no mundo, mas também temos sabido transformar algumas dessas dificuldades em novas oportunidades, como foram as apostas na formação de alguns cursos em regime B-learning. Neste sentido, todos os anos fazemos a avaliação da nossa prestação e, se necessário, mudamos ou corrigimos alguns dos cursos actuais e estamos sempre atentos para a geração de inovação para novas ofertas formativas.

A Escola oferece uma variedade de cursos em diversas áreas. Que áreas e que temas estão a ser mais procurados? E quais os temas em expansão e em contração?

Num mundo em constante mudança, assistimos a diversas alterações nas estruturas organizacionais e dos processos de trabalho, muito derivado da introdução de novas tecnologias, como a Inteligência Artificial, por exemplo. Neste sentido, temos várias pós-graduações novas, que irão ter início agora no segundo semestre do ano, como é o caso da pós-graduação em Comunicação e Inteligência Artificial, com o objectivo principal de formar profissionais capazes de entender o impacto da IA nas organizações em geral, as suas capacidades e potencialidades, oportunidades e desafios, em especial na comunicação interna e externa da organização. Na mesma linha, também, em Janeiro, terá início a pós-graduação de Comunicação e Transformação Digital, com o objectivo de dotar os alunos de conhecimentos que lhes permitam identificar, planear, implementar e avaliar a Comunicação da organização, num contexto de Transformação Digital.

Por outro lado, as organizações são, cada vez mais, percepcionadas como actores políticos e sociais relevantes para o bem-estar social – sendo que a comunicação tem, neste ponto, um papel crucial para dotar as organizações de uma cidadania influente. Tendo esta percepção por base, a FCH lançará também uma pós-graduação em Comunicação e Public Affairs, que permitirá aos alunos alcançar as competências necessárias para assumir esta abordagem estratégica da comunicação, e as capacidades indispensáveis para implementar e avaliar as estratégias definidas, tanto ao nível da gestão de assuntos, como também para comunicar o papel decisivo que as organizações podem ter no contexto actual.

Por fim, temos ainda, um leque alargado de cursos que todos os anos têm tido consecutivamente novas edições, o que nos releva para a sua qualidade científica, mas também ao nível da oferta das necessárias competências que desenvolvem e se ajustam para o mercado de trabalho. Podem-se destacar, como exemplos, os casos das pós-graduações que ainda vão começar em 2024, tais como: Social Brands; Comunicação e Psicologia Positiva; Práticas Artísticas e Inclusão Social; Filosofia para Crianças e Jovens; Comunicação em Saúde; Comunicação Estratégica; Desenvolvimento, Organização e Capacitação de Equipas e Pessoas; Responsabilidade Social e Desenvolvimento Sustentável. E, para inícios de 2025, os casos das pós-graduações em Comunicação e Marketing de Conteúdos; Gestão de Projectos de Cooperação para o Desenvolvimento; Sistema de Promoção e Protecção de Crianças e Jovens; Avaliação de Programas e Projectos Sociais; Comunicação e Criatividade Publicitária, Psicologia do Sono; Jornalismo Desportivo, entre outros. Destacam-se ainda, para este segundo semestre de 2024 e inícios de 2025, projectos de programas avançados muito variados e consolidados em design de serviços, alta performance em técnicas de comunicação oral, jornalismo televisivo, audiovisual, rádio, inteligência emocional, gestão da reputação e comunicação de crise.

Qual o papel das escolas para ajudar os líderes a fazer face aos desafios da competitividade, inovação e internacionalização no contexto das actuais cadeias de valor globais?

Acreditamos que um dos maiores desafios passa por conseguirmos estar sempre actualizados e, até um passo à frente dessa mudança. É por isso que a formação de executivos da FCH aposta em programas avançados permanentemente actualizados, onde são discutidas as questões do mundo contemporâneo e sempre muito adaptadas à realidade, bem como pós-graduações cujo objectivo final em cada uma delas passa, precisamente, pela criação de um trabalho final que, para lá da geração qualitativa académica, possa ir ao encontro das necessidades das empresas. O objectivo é que sejam efectivamente espaços de análise e discussão das questões com que os profissionais se deparam no seu dia-a-dia, com aulas práticas, masterclasses com professores convidados, e ainda formação em contexto real de trabalho. Mais precisamente, que se criem espaços de criatividade nas abordagens assentes na geração de inovação e atitude empreendedora que são decisivas para o valor partilhado entre cada curso e seus formandos, numa perspectiva constante de criação de valor.

Consideram que existe uma maior procura de temas que permitem melhorar a competitividade? Tais como data e inteligência artificial, digitalização, tomada de decisão e inovação?

Estes são, efectivamente, os temas da actualidade, pelo que é natural que haja uma maior procura por formação especializada. Também, sempre em antecipação daquilo que vão ser as necessidades do mercado, temos vindo a criar programas avançados e de pós-graduações nestas áreas, como os acima referidos, são exemplo. Apesar disso, todos os anos fazemos uma avaliação face à nossa oferta disponibilizada e o que será necessário ajustar, bem como na criação de novos cursos que venham ao encontro das reais expectativas do mercado de trabalho e que consolidem continuamente a nossa oferta formativa que se cifra, actualmente, em cerca de 30 cursos.

Qual a vossa opinião sobre o tema e o papel das escolas para a retenção do talento em Portugal?

As Pós-Graduações e os Programas Avançados, quando aplicados à área de intervenção de cada profissional, trazem benefícios ao próprio, mas também ao empregador. Uma equipa formada e especializada é fundamental para o sucesso profissional e pessoal de cada indivíduo, uma vez que contribui para a vitalidade do mercado laboral, promove a realização e competência dos seus profissionais e impulsiona a conquista de mecanismos de retenção de talento. Assim, a formação como medida para combater os desafios da atracção e retenção de talentos nas empresas é fundamental para nós.

Consideram que é absolutamente crítico para as escolas posicionarem-se no mercado internacional e serem um polo mais atractivo para estudantes internacionais?

Acreditamos que todos, enquanto sistema universitário de excelência, beneficiamos em investir numa formação actualizada, de elevada especialização e de altíssima qualidade, para que, como um todo, o País seja cada vez mais um bom exemplo do que se faz a nível mundial no que toca à formação universitária.

É importante estender a oferta formativa para lá dos centros urbanos e chegar a outras regiões de Portugal?

Estes programas avançados e de pós-graduação, que terão início no segundo semestre, são em regime presencial, embora alguns incluam um conjunto de horas de formação online, como é o caso da pós-graduação de Comunicação em Saúde. Além deste exemplo temos outros cursos que funcionam em regime b-learning, para se potenciar que a oferta existente possa também se estender a formandos que residam fora da zona de Lisboa. São os casos das pós-graduações em Práticas Artísticas e Inclusão Social; Filosofia para Crianças e Jovens; Psicologia do Sono; Sistema de Promoção e Protecção de Crianças e Jovens; Gestão de Projectos de Cooperação para o Desenvolvimento; Avaliação de Programas e Projectos Sociais; e do programa avançado em Inteligência Emocional, e que, já correspondem a cerca de 25% da nossa oferta formativa.

» Nuno Goulart Brandão, coordenador da Escola de Pós-Graduação e Formação Avançada da FCH

Este artigo faz parte do Caderno Especial “MBA, Pós-graduações & Formação de Executivos”, publicado na edição de Setembro (n.º 222) da Executive Digest.

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