EDP – Solar fotovoltaico flutuante da EDO supera expectativas

Desde o seu arranque em finais de 2016, esta central já acumulou uma produção 4% acima do previsto. A tecnologia, pioneira a nível europeu por testar a complementaridade entre a energia solar e hídrica, também revelou uma eficiência maior do que as soluções em terra.

Desde a sua instalação, em novembro de 2016, a plataforma já produziu 445 MWh, beneficiando de um 2017 bastante favorável no que diz respeito à radiação solar (7% acima do previsto). O início de 2018 revelou-se abaixo das expectativas, dadas as condições atmosféricas adversas sentidas em Portugal. Mesmo assim, alcançar 4% acumulado acima do previsto, para um projecto piloto, é muito positivo.

Com 840 painéis solares que ocupam uma área de 2500 m2, a central, que resulta de uma parceria entre a EDP Produção, a EDP Renováveis e a EDP Comercial, tem uma potência instalada de aproximadamente 220kWp e uma produção anual estimada de cerca de 300 MWh.

Além de a produção ter ultrapassado as previsões iniciais, já foi possível constatar que estas plataformas são mais eficientes do que as instalações convencionais em terra.

As vantagens ambientais estão relacionadas com a protecção da radiação solar no meio subaquático, com a menor proliferação de algas e a redução do consequente efeito eutrofizante, e com a diminuição de emissões de gases de efeito estufa, particularmente em zonas de climas quentes. Apesar da curta existência deste projecto piloto, observou-se que a plataforma tem servido de abrigo a alguns alevins que procuram protecção entre as aberturas dos flutuadores, efeito deste ensombramento parcial.

Além disso, a menor perda de água pelo efeito da evaporação poderá ser interessante quando a percentagem coberta da superfície aquática for significativa (maior que 50%). Em pequenos reservatórios de armazenamento de água para rega, como aqueles em que tem sido implantada a maioria das centrais f lutuantes até hoje, o benefício poderá ser relevante.

Ainda existe um caminho a percorrer para se reduzirem os custos de investimento e aproximar esta solução dos custos das opções convencionais em terra. No entanto, já estão a ser estudadas soluções optimizadas que permitirão reduzir esse diferencial num prazo não muito distante.

A albufeira do Alto Rabagão foi escolhida porque tem espaço e condições climatéricas adversas que permitiram testar a tecnologia em condições extremas. Tem ainda um vale profundo com solo rochoso e significativas variações de cotas, o que permitiu testar as soluções de amarração, tendo estas igualmente mostrado um desempenho positivo na descida do nível da albufeira. Além disso, as intervenções de manutenção têm sido mínimas.

EXPANSÃO

A conversão de energia solar em electricidade por via da tecnologia fotovoltaica tem vindo a evoluir de forma acelerada no sentido de menores custos e de melhor eficiência. Portugal dispõe de uma quantidade muito apreciável de recurso solar – das mais altas nos países europeus. A utilização deste inesgotável recurso energético requer, porém, a ocupação de áreas significativas. A superfície ocupada por aproveitamentos hidráulicos, sejam de natureza hidroeléctrica, de regadio ou de fins múltiplos, constitui uma oportunidade para a ocupação de áreas significativas sem colidir com outras utilizações de reconhecida importância.

Por outro lado, o escoamento para a rede eléctrica da energia produzida em centrais fotovoltaicas exige condições técnicas de ligação nem sempre acessíveis sem dispendiosos custos adicionais de investimento. Acontece que as centrais hidroeléctricas, localizadas na vizinhança das albufeiras, dispõem de uma ligação à rede eléctrica que está necessariamente subutilizada, já que a sazonalidade das afluências pluviais não permite a ocupação continuada da potência instalada. E verifica-se uma complementaridade natural e virtuosa entre as energias hidroeléctrica e solar: há mais sol quando há menos chuva e vice-versa.

Foi neste contexto que o grupo reconheceu o potencial da complementaridade solar e hídrica e decidiu, por isso, investir 450.000 euros para avançar com a instalação desta unidade piloto. Volvido quase um ano e meio de demonstração, a EDP continua a desenvolver estudos técnico-económicos para avaliar a viabilidade de expansão para uma central de maiores dimensões.

Os estudos de optimização das soluções de amarração, entretanto elaborados em parceria com o WAVEC, já validaram alternativas técnicas interessantes tendo em vista a redução dos custos.

O investimento nesta central e em futuros projectos desta tipologia acompanha a forte aposta que a EDP tem feito em inovação nas energias renováveis nos últimos anos.

Esta estratégia, que se enquadrada também nos compromissos de sustentabilidade assumidos pelo grupo, tem-se materializado na concretização de projectos relevantes e pioneiros, como é o caso das plataformas eólicas offshore. Neste momento, 73% dos 26,8 GW de capacidade instalada do grupo já provêm de fontes renováveis instaladas em 12 países.

Este projecto piloto tem suscitado muita curiosidade na comunidade científica, tendo a EDP orientado já quatro teses de mestrado com diversas perspectivas sobre este investimento, do ponto de vista técnico, ambiental e económico.

Inclusivamente a EDP já recebeu diversas visitas de utilities e algumas manifestações de interesse de entidades em participar em futuros desenvolvimentos.

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