Bruxelas cria “empréstimo de reparação” com base em ativos russos congelados

A Comissão Europeia quer criar um “empréstimo de reparação” para a Ucrânia assente nos ativos russos congelados pelas sanções da União Europeia (UE), cujo montante será calculado com base nas necessidades financeiras dos próximos dois anos.

Executive Digest com Lusa
Setembro 19, 2025
13:19

A Comissão Europeia quer criar um “empréstimo de reparação” para a Ucrânia assente nos ativos russos congelados pelas sanções da União Europeia (UE), cujo montante será calculado com base nas necessidades financeiras dos próximos dois anos.

“A Comissão está atualmente a trabalhar em todos os aspetos técnicos desta proposta. Precisamos determinar o volume do empréstimo de reparação com base na avaliação do FMI [Fundo Monetário Internacional] sobre as necessidades financeiras da Ucrânia nos próximos dois anos”, revelou o comissário europeu da Economia, Valdis Dombrovskis.

Falando em conferência de imprensa no final da reunião do Eurogrupo que antecede o encontro informal dos ministros das Finanças da União Europeia (UE), em Copenhaga pela presidência rotativa assumida pela Dinamarca, o responsável clarificou que Bruxelas “não está a propor a apreensão ou confiscação dos ativos soberanos russos”.

“Estamos a propor […] usar saldos de caixa que foram acomodados devido ao facto de esses ativos russos estarem imobilizados”, explicou Valdis Dombrovskis, assegurando que a UE não pretende “tocar nos direitos da Rússia sobre esses ativos”.

Este modelo é replicável noutros países do G7 que têm ativos russos imobilizados no seu território, sugeriu ainda o comissário europeu.

A proposta está a ser preparada pela Comissão Europeia e pode surgir a tempo de ser já discutida na reunião dos ministros das Finanças da UE de outubro.

No seu discurso sobre o Estado da União, a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, defendeu precisamente a criação desta medida: “Com os saldos de caixa associados a esses ativos russos, podemos conceder à Ucrânia um empréstimo para reparações”.

“Os ativos em si não serão tocados e o risco terá de ser assumido coletivamente. A Ucrânia só pagará o empréstimo depois que a Rússia pagar as reparações”, adiantou.

A União Europeia congelou centenas de milhares de milhões de euros em ativos russos, incluindo reservas do banco central e bens pertencentes a oligarcas próximos do regime Kremlin, como resposta à invasão da Ucrânia em fevereiro de 2022.

Esta medida visa pressionar economicamente Moscovo, limitando a sua capacidade de financiar o esforço de guerra e, ao mesmo tempo, servir como instrumento de negociação em futuras discussões diplomáticas.

No entanto, a utilização destes ativos congelados para financiar a reconstrução da Ucrânia continua a ser alvo de debate jurídico e político dentro da UE, uma vez que levanta questões sobre a legalidade internacional e o precedente que pode criar.

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