BrainBridge: o mirabolante projeto que propõe transplantes de cabeça com recurso a IA e robôs

O plano de Al-Ghaili envolve a separação precisa da cabeça de um paciente e a sua implantação num corpo doador – mesmo como nos filmes de ficção científica.

Executive Digest
Maio 27, 2024
8:45

O biólogo molecular e autoproclamado “divulgador científico” Hashem Al-Ghaili revelou um projeto ambicioso (e no mínimo mirabolante) denominado BrainBridge, com o objetivo de realizar transplantes de cabeça humana dentro de uma década, utilizando robótica avançada e inteligência artificial (IA) para automatizar estas cirurgias complexas.

Detalhes do projeto

O plano de Al-Ghaili envolve a separação precisa da cabeça de um paciente e a sua implantação num corpo doador – mesmo como nos filmes de ficção científica. O desafio mais significativo está na reconexão da medula espinal, dos nervos e dos vasos sanguíneos, uma tarefa de extrema complexidade. O projeto BrainBridge propõe o uso de adesivos químicos patenteados e polietileno glicol para facilitar a fusão desses tecidos.

“Estou entusiasmado em anunciar o BrainBridge, o primeiro sistema do mundo para transplantes de cabeça, que integra robótica avançada e inteligência artificial para realizar transplantes completos de cabeça e rosto”, escreveu Al-Ghaili na rede social X. O biólogo molecular acredita que esta tecnologia pode trazer novas esperanças a pacientes com cancro e paralisia, além de possibilitar a extensão da vida humana através da transferência de cabeças para corpos mais jovens.

Al-Ghaili planeia iniciar com cirurgias bem-sucedidas de fusão da medula espinal antes de avançar para transplantes de cabeça completos. O investigador pretende recrutar os melhores profissionais médicos e enfrentar os desafios do projeto ao longo de oito anos.

Ceticismo e Desafios

Apesar do entusiasmo, a proposta de Al-Ghaili enfrenta considerável ceticismo. Embora tenham sido feitos progressos na medicina de transplantes e na reparação de nervos com células estaminais, os especialistas afirmam que ainda estamos longe de alcançar os objetivos delineados por Al-Ghaili. O biólogo molecular é também conhecido por promover projetos ‘absurdos’, como uma matriz artificial para a gestação humana, que, apesar de ser baseada em fundamentos científicos, está ainda distante de se tornar uma prática clínica.

A ideia de transplantes de cabeça já foi explorada antes. Em 2015, o neurocirurgião italiano Sergio Canavero anunciou planos para o primeiro transplante de cabeça humana, previsto para 2017. O seu método incluía o arrefecimento da cabeça e do corpo do doador para evitar a morte celular e a utilização de um adesivo biológico especial para fundir a medula espinal. Contudo, os seus esforços não progrediram além de testes preliminares com animais e cadáveres. O seu maior feito foi a troca parcial de partes do corpo entre dois cadáveres, o que não comprovou a viabilidade do procedimento em seres vivos.

O Futuro da BrainBridge

Transplantes de cabeça têm sido um tema recorrente na ficção científica e no terror, como exemplificado pelo Frankenstein de Mary Shelley. O projeto de Al-Ghaili, embora ambicioso, ainda está mais próximo da ficção do que da realidade médica atual. O futuro dirá se ele conseguirá realizar a sua visão em dez anos ou se este feito será alcançado por outros cientistas no futuro distante.

Al-Ghaili concluiu, ao El Confidencial, a sustentar que, com os avanços rápidos em IA e robótica, não será surpreendente ver estes procedimentos realizados dentro do prazo previsto, e destaca que, apesar dos desafios, a ciência frequentemente transforma o impossível em realidade.

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