A forma como muitos portugueses preparam peixe congelado em casa pode representar um risco sério para a saúde. O alerta surge após especialistas em segurança alimentar identificarem que descongelar peixe, como salmão ou tilápia, ainda selado em embalagens a vácuo, pode aumentar a probabilidade de contaminação por Clostridium botulinum, bactéria responsável pelo botulismo, uma doença potencialmente mortal.
Segundo Monica Torres, do HuffPost, este problema tem-se tornado viral nas redes sociais, com utilizadores do TikTok a partilhar que desconheciam o risco associado ao aquecimento de peixe dentro da embalagem.
O botulismo é causado pelo microorganismo Clostridium botulinum, explicou Donald Schaffner, especialista em ciência alimentar da Rutgers University e coapresentador do podcast “Food Safety Talk”. “Este é um organismo anaeróbio que apenas cresce na ausência de oxigénio, e é por isso que nos preocupamos com embalagens a vácuo”, afirmou.
Schaffner alerta que quanto mais tempo o peixe permanecer selado em ambiente de baixo oxigénio durante o descongelamento, maior o risco de desenvolvimento da bactéria. “Todos os peixes estão potencialmente em risco se forem descongelados desta forma. À medida que o peixe aquece, os esporos podem germinar, formar células e produzir toxina, que pode causar doença grave”, detalhou.
O botulismo alimentar provoca sintomas graves, diferentes da intoxicação alimentar comum, incluindo vómitos, náuseas, diarreia, fraqueza muscular e dificuldades respiratórias. A toxina botulínica liga-se de forma irreversível às terminações nervosas, podendo levar à paralisia e, nos casos mais extremos, à sufocação devido à paralisia dos pulmões.
A forma segura de descongelar peixe congelado
Para reduzir o risco, o especialista recomenda remover imediatamente o peixe da embalagem a vácuo antes do descongelamento. “Pode colocar o peixe numa embalagem secundária, como um recipiente Tupperware, e deixá-lo descongelar no frigorífico durante a noite”, aconselhou Schaffner.
Se o peixe permanecer ainda congelado no dia seguinte, é possível utilizar a função de descongelamento do micro-ondas, mas sempre fora da embalagem a vácuo. Segundo o especialista, deixar o peixe uma a duas horas à temperatura ambiente ainda é aceitável, mas períodos mais longos aumentam significativamente o risco. “Uma hora está bem. Duas horas começo a preocupar-me. Quatro horas preocupa-me mais, e se ficar durante a noite, deve ser descartado”, alertou.
Estas orientações alinham-se com a “Zona de Perigo” da FDA, que indica que alimentos mantidos entre 4 e 60 graus Celsius por mais de duas horas permitem a multiplicação rápida de bactérias.














