Bom Jesus, Nazaré, Guindais, Santa Luzia (entre outros…): responsáveis garantem segurança dos funiculares em Portugal

A tragédia com o Elevador da Glória levantou questões sobre a segurança nos funiculares em Portugal: em Lisboa, existem ainda mais três equipamentos semelhantes – Lavra, Bica e Graça. Mas no país encontramos mais infraestruturas destas

Revista de Imprensa
Setembro 8, 2025
9:16

A tragédia com o Elevador da Glória levantou questões sobre a segurança nos funiculares em Portugal: em Lisboa, existem ainda mais três equipamentos semelhantes – Lavra, Bica e Graça. Mas no país encontramos mais infraestruturas destas, como o elevador do Bom Jesus, em Braga, e o elevador da Nazaré, contemporâneas do ascensor da Glória, entre outros.

Varico Pereira, vice-presidente da Confraria do Bom Jesus, entidade que gere o santuário em Braga, garantiu ao jornal ‘Público’ que “a manutenção é garantida por nós, através de uma equipa de três técnicos, alguns com mais de 30 anos de experiência, tutelados por um diretor técnico. São eles quem asseguram a manutenção preventiva semanal e, quando necessário, também qualquer manutenção corretiva. Têm formação na escola da vida. Fazem isto há muitos anos”.

O funicular do Bom Jesus foi inaugurado em 1882 e foi o primeiro funicular da Península Ibérica, com 274 metros e uma inclinação de 42% – funciona com um sistema de contrapeso de água. A verificação dos parâmetros de segurança é feita por entidades externas, sendo que na época baixa é feita uma grande inspeção pelo Instituto de Soldadura e Qualidade ao estado do cabo, da linha e das carruagens. É também realizada uma inspeção geral pelo IMT (Instituto da Mobilidade Terrestre). “Os guarda-freios têm a obrigação de realizar uma série de procedimentos, todos os dias, que incluem verificar se o vagão está bem travado, se o cabo está em condições, se o depósito de água está vazio e ainda fazem uma viagem sem passageiros, antes de começar a operar”, explicou Varico Pereira. O funicular tem ainda “uma vantagem” face ao Elevador da Glória. “É que o cabo está todo à vista e, por isso, é mais fácil de verificar o seu estado”, sublinhou, embora reconhecendo que “a médio prazo, terá que se pensar em substituir este cabo, por uma questão de garantia”.

No Minho há ainda o Elevador de Santa Luzia, em Viana do Castelo, com 650 metros e uma inclinação de 25% – funciona por um sistema de contrapeso acionado por energia elétrica. A gestão, manutenção e funcionamento é assegurado, em prestação de serviços, pela empresa Liftech desde 2005. Segundo a autarquia, “as peças de substituição que venham a ser necessárias para a manutenção do funicular encontram-se excluídas do âmbito do contrato, devendo ser sempre objeto de proposta”. O caderno de encargos determina que “o prestador de serviços disponibilizará um responsável técnico com formação superior em engenharia e com conhecimento profundo do sistema” – entre as suas responsabilidades incluem o acompanhamento das manutenções preventivas e corretivas e o apoio e supervisão remota do funicular, em particular o diagnóstico e a resolução de avarias.

Mais a sul, na Nazaré, há o funicular inaugurado em 1889, com um sistema de tração a vapor, que funciona a eletricidade desde 1960. Tem 318 metros e uma inclinação de 42% e foi modernizado em 2002. “A manutenção corrente do elevador é garantida pelos Serviços Municipalizados, da Câmara Municipal da Nazaré, bem como a inspeção sistemática das condições de segurança”, referiu a autarquia. Às 7 horas, “verificam-se especialmente o cabo e a estrutura”, adiantou. “São feitas também inspeções externas anuais, conduzidas por entidade certificadora. Adicionalmente, a manutenção mais profunda é realizada anualmente, geralmente perto do final do ano.” Orlando Rodrigues, presidente dos Serviços Municipalizados da Nazaré e vice-presidente da autarquia, indicou também que “está prevista a troca do cabo de segurança ainda este ano, possivelmente em novembro”. Isto porque “o cabo anterior apresentava algum desgaste, embora continuasse em conformidade, sendo que a substituição já estava programada”.

No Porto, temos o funicular dos Guindais, inaugurado em 2004. A Fintech é responsável pela manutenção, tal como com o elevador da Lada e as escadas de Miragaia. “O facto de a mesma empresa assegurar simultaneamente a operação diária e a manutenção representa uma garantia acrescida de segurança”, referiu a empresa pública. Sempre que é detetada uma anomalia ou avaria “os técnicos no local têm capacidade para intervir de forma imediata”. No entanto, “pese embora todas as normas e critérios de segurança estarem cumpridos, como medida de gestão e reforço do controlo”, a STCP Serviços vai “avançar com uma auditoria às infraestruturas mecanizadas, de forma a validar os procedimentos atualmente em vigor”.

Em Coimbra, o elevador que liga o Mercado D. Pedro V à Alta da cidade está fora de serviço. “Neste momento, o elevador encontra-se em paragem de operação por motivos de obras de recuperação”, apontou a câmara local. Uma vistoria “será obrigatória antes de colocar o elevador operacional para o público”. A manutenção “é efetuada por empresa externa, sendo a mesma empresa desde que os SMTUC têm a exploração” do equipamento, inaugurado em 2001.

Por último Viseu: o funicular está fechado até ao fim da Feira de São Mateus: reabriu em abril último, depois de ter sido desativado em 2018, sob a justificação de que tinha um funcionamento muito caro. Com cerca de 400 metros, foi inaugurado em 2009.

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