A Boeing, uma das maiores fabricantes de aeronaves do mundo, enfrenta mais um revés significativo com o seu tão aguardado avião 777X. A empresa foi obrigada a suspender os testes da aeronave após a descoberta de problemas estruturais críticos, adicionando mais uma mancha à já abalada reputação da empresa em termos de qualidade e segurança.
Durante um voo de teste recente, a Boeing identificou falhas num componente estrutural que conecta o motor às asas do 777X. Num comunicado, a empresa explicou que o componente “não funcionou como previsto” e que está a ser substituído. A empresa também afirmou que está a proceder a uma análise detalhada das causas subjacentes ao problema. Esta notícia foi inicialmente divulgada pelo site especializado The Air Current.
O 777X, que a Boeing promove como o “maior e mais eficiente jato bimotor do mundo”, deveria ter entrado em operação em 2020. No entanto, o projeto tem sido atormentado por uma série de atrasos e custos adicionais, o que tem frustrado tanto a Boeing quanto as companhias aéreas que aguardam a entrega do novo modelo. A empresa esperava ter entregue já várias centenas de unidades, mas os constantes contratempos têm dificultado o cumprimento destas metas.
Este novo problema poderá atrasar ainda mais a data de lançamento do 777X, que já tinha sido adiada para 2025. De acordo com a Boeing, os testes de voo dos quatro aviões de teste na frota só serão retomados “quando estiverem prontos”, sem fornecer uma data específica para o reinício.
O 777, modelo antecessor, tem sido um grande sucesso para a Boeing desde a sua estreia em 1995 e continua a ser o avião de fuselagem larga mais vendido da história. O 777X deveria representar a próxima evolução desta linha de sucesso, oferecendo uma alternativa moderna e mais eficiente ao já popular, mas envelhecido, 777-300ER.
No entanto, os recentes problemas do 777X são apenas mais um capítulo numa série de dificuldades enfrentadas pela Boeing nos últimos anos. A empresa está ainda a lidar com as repercussões de um incidente grave que envolveu um dos seus aviões 737 Max, no qual uma tampa de porta explodiu em pleno voo durante uma operação da Alaska Airlines no início deste ano. A investigação subsequente revelou que a tampa não foi devidamente fixada devido à falta de documentação correta, o que permitiu que o avião saísse da fábrica sem os quatro parafusos necessários instalados.
Estes problemas de qualidade e segurança tornaram-se o centro de várias investigações federais e denúncias de informadores, contribuindo para atrasos na entrega de aviões, que por sua vez, têm causado transtornos significativos para companhias aéreas e passageiros em todo o mundo.
Apesar das dificuldades, a Boeing teve uma pequena vitória ao superar a Airbus em encomendas de novos aviões no mês de julho. No entanto, em termos acumulados ao longo do ano, a Boeing ainda está significativamente atrás da sua concorrente europeia, com as preocupações de segurança continuando a afetar a confiança na empresa.
Desde 2019, a Boeing sofreu perdas impressionantes, totalizando cerca de 33 mil milhões de dólares, um reflexo dramático do declínio da empresa desde os dias em que o seu nome era sinónimo de excelência na indústria aeronáutica americana.
No mercado financeiro, as ações da Boeing (BA) caíram 2% no pré-mercado na terça-feira e acumulam uma queda de quase 30% ao longo deste ano, refletindo o crescente ceticismo dos investidores quanto à capacidade da empresa de recuperar a sua antiga glória.














