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XXXIII BARÓMETRO EXECUTIVE DIGEST: Nelson Ferreira Pires, Jaba Recordati S.A.

A análise de Nelson Ferreira Pires, General Manager da Jaba Recordati S.A.

O BARÓMETRO DA VERDADE

O 33º Questionário do barómetro de dezembro da Executive Digest deve ser um documento de análise fundamental para entender o estado do nosso país. Não irei detalhar todos os aspetos do questionário mas sim alguns que entendo como críticos na visão dos empresários, gestores e líderes em organizações Portuguesas.

O primeiro tem a ver com o orçamento de estado, quando o resultado do barómetro afirma que 67% dos inquiridos prefere que o orçamento de estado proposto e aprovado por um governo demissionário, entre em vigor, em lugar de um regime de governação por duodécimos. Mesmo quando 93% destes, considerem (noutra questão) que o OE não foi pensado para aumentar a competitividade do tecido empresarial Português. E que 48% destes entendam que a previsão de crescimento económico para 2024 previsto no OE de +1,5% é demasiada elevada e irrealista. Ou seja, apesar de um “mau orçamento” (minha interpretação), os inquiridos preferem algum orçamento e previsibilidade na direção do país e na gestão das suas organizações. O que confirma a regra que na economia a confiança é provavelmente dos fatores mais relevantes para o investimento e criação de riqueza. Pode ser que esta visão ensine algo aos decisores políticos que, por falta de estratégia, governam para ciclos de 4 anos e não no longo prazo. Outro fator relevante tem a ver com o custo (investimento no meu ponto de vista) do trabalho e a importância da ligação do trabalho ao capital e à gestão. Esta questão relativiza a opinião dos inquiridos sobre o impacto quais as medidas do OE que mais podem impactar a organização: 43% consideram que os salários dos trabalhadores qualificados devem entrar como benefício fiscal (o que significa que os empresários estão dispostos a aumentar a remuneração dos trabalhadores, mas não estão dispostos a suportar os elevados custos fiscais do trabalho). E 52% entende que os bónus pagos aos trabalhadores devem ser isentos de TSU e IRS, de forma a aumentar a remuneração líquida em pelo menos 5%. Muito alinhado com a proposta feita pela CIP de pagamento de um 15º mês de salário mas isento de pagamento de impostos. Estas resposta confirmam que os líderes não querem pagar baixos salários, pelo contrário. Querem pagar é menos imposto pois um trabalhador que recebe um salário bruto de 1000€, recebe em termos líquidos cerca de 750€ e custa para a empresa cerca de 1.300€. Em suma, um brutal custo fiscal sobre o trabalho que empobrece os trabalhadores e as empresas. E talvez muito que explica porque é que cerca de 17% da população portuguesa está abaixo do limiar da pobreza e em exclusão social, mesmo trabalhando. Dependentes das transferências sociais associadas à doença e incapacidade, à família, ao desemprego e à inclusão social baixa em cerca de 5,1% a taxa de risco de pobreza mas o que significa um aumento da dependência do Estado.

Este barómetro explica bem o que os empresários, gestores e líderes defendem: confiança e previsibilidade; assim como pretendem acabar com os pobres, e não com os ricos!

Testemunho publicado na edição de Dezembro (nº. 213) da Executive Digest, no âmbito da XXXIII edição do seu Barómetro.

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