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XXVIII Barómetro Executive Digest: Nelson Pires, Jaba Recordati

A análise de Nelson Pires, General Manager da Jaba Recordati

2022 foi um ano fantástico para a maioria dos negócios. E em 2023, 89% dos empresários entendem que a economia vai desacelerar mas não vai regredir, vai sim crescer pouco. No entanto serão muitos os desafios gerado pela a crise financeira de 2008, a pandemia de COVID, a invasão Russa da Ucrânia, alguma tensão na Ásia, entre outros. Todos estes fatores estão a provocar um desafio gigantesco para 2023 , o de enfrentar e incorporar o aumento de custos brutal que se está a verificar. Na Indústria farmacêutica, sem considerar os últimos meses de 2022, onde se verificaram aumento de custos de +15%, os aumentos de custos nos últimos 4 anos foram de 40%. E estes aumentos não são, nesta indústria, refletidos nos consumidores. Bem sei que no meio deste cenário, há sempre quem especule e aproveite para ganhar mais do que seria normal, o que pode ser considerado imoral. Mas não deixa de ser um fator preocupante para os empresários que realmente vêm a fatura dos seus custos a subir e as suas margens a diminuir. A tudo isto acrescem os riscos das taxas de juro altas, a inflação, a crise energética e a incerteza económica e geopolítica. Em empresas descapitalizadas como as Portuguesas, a taxa de juro pode ser algo preocupante, embora a solidez dos bancos bem como a resiliência empresarial, provavelmente irá “amortecer” este risco global.
Muito positivo é a preocupação das organizações com uma cultura ESG que influencia não apenas a reputação da marca mas também como um fator crítico para o crescimento a longo prazo, o que significa que é um fator estratégico de gestão da organização. E essa motivação é fundamental para uma sociedade mais equilibrada, transparente, ética e sustentável.
Finalmente o futuro no médio prazo das nossas empresas com a intenção de 62% dos empresários em investir (uma percentagem da faturação) em I&D, algo crucial para o crescimento do valor das organizações e dos produtos. A inovação, a construção de marcas fortes e o talento são alguns dos fatores que acrescentam valor ás organizações. Portugal apenas tem demonstrado que tem dois deles: talento (mas tem-no “exportado para outros mercados”) e inovação que desenvolve mas chega a um momento em que necessita de aumentar o investimento e vende os direitos e patentes a empresas multinacionais estrangeiras que continuam e concluem a I&D, beneficiando grandemente da I&D básica feita em Portugal.
Portanto 2023 pode ser um ano de oportunidade para um país pequeno como Portugal, esperemos que este barómetro se confirme e reflita bem esta expectativa!

Testemunho publicado na edição de Fevereiro (nº. 203) da Executive Digest, no âmbito da XXVIII edição do seu Barómetro.