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XLI BARÓMETRO EXECUTIVE DIGEST: Luís Ribeiro, novobanco

A análise de Luís Ribeiro, Administrador do novobanco

Num quadro de elevada incerteza e imprevisibilidade da conjuntura internacional, os resultados do inquérito sugerem a continuação de um desempenho moderadamente favorável da economia portuguesa, com um crescimento acima da média europeia. Embora não imune aos impactos da incerteza económica e geopolítica, Portugal não se encontra, no contexto europeu, entre as economias mais vulneráveis às tarifas dos EUA ou aos desenvolvimentos da guerra na Ucrânia. Os números mais recentes do INE mostram o emprego em máximos. As perspetivas para o investimento e as exportações são positivas. E Portugal reportou muito recentemente a manutenção de excedentes nas contas públicas e externas. É neste contexto que a queda do Governo e a convocação de eleições antecipadas vêm criar alguma inquietação, que os resultados do inquérito refletem. As empresas anseiam por um ambiente económico estável e previsível, que as crises políticas arriscam pôr em causa. Aplica-se aqui o princípio fundamental da medicina: “First, do no harm” ou “Primum non nocere” no latim, que apela a “antes de mais, não fazer nada que prejudique”. Portugal não pode projetar a imagem de uma economia com pouca previsibilidade, sob pena de penalizar a captação (vital) de investimento externo e as condições de financiamento das empresas, famílias e Estado. Deve-se referir, contudo, que (i) as análises mais recentes das agências de rating mantêm a confiança na continuação de uma política económica e orçamental prudente; (ii) isso deverá refletir o relativo consenso que parece existir, entre as principais forças políticas, a esse respeito; e (iii) apesar de Portugal ir para a 4ª eleição em 5 anos, a economia tem revelado um desempenho positivo; isto poderá refletir a diminuição, face ao passado, da dependência face a setores não transacionáveis (tendencialmente mais protegidos e dependentes do Estado) e o papel mais relevante das exportações, do IDE e dos setores transacionáveis, que forçam uma maior competitividade e, talvez, uma maior imunidade aos ciclos políticos.

Testemunho publicado na edição de Abril (nº. 229) da Executive Digest, no âmbito da XLI edição do seu Barómetro.