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XLI BARÓMETRO EXECUTIVE DIGEST: Luis Paulo Salvado, Novabase

A análise de Luis Paulo Salvado, Chairman / CEO da Novabase

Promessas não pagam contas

Os gestores portugueses estão cansados de boas intenções. O que querem são reformas que saiam do papel — e depressa. O arranque deste ano até trouxe boas notícias: dois terços dizem que começou melhor do que 2024. Mas ninguém está a lançar foguetes. Com a grande maioria a prever apenas um crescimento moderado, o país está a andar… mas devagarinho.

Quanto à política, a reação às eleições antecipadas diz tudo: 70% dos gestores acham que minam a confiança no setor empresarial e 57% acreditam que fragilizam a imagem externa de Portugal. Ainda assim, 72% dizem que não vão alterar nada nas suas estratégias. Chamem-lhe resiliência — ou simplesmente a reação de quem já se habituou a viver na incerteza. O que, vendo bem, pode até não ser mau. A lista de exigências ao próximo Governo não traz surpresas: crescimento económico, execução do PRR e menor carga fiscal (com IRC e habitação no topo). Ou seja, o básico. O esperado. O prometido há anos.

E quem realmente molda a opinião pública? A Comunicação Social (89%) e as Redes Sociais (76%) são os verdadeiros protagonistas. Segundo os inquiridos, a classe política — Governo, Oposição e Presidente da República — tem vindo a perder influência na sociedade, o que diz muito sobre o desafio que tem pela frente.

A verdade é que o setor empresarial sente-se preparado para fazer a sua parte. Só pede que o Estado não atrapalhe. E, se ajudar, tanto melhor.

Testemunho publicado na edição de Abril (nº. 229) da Executive Digest, no âmbito da XLI edição do seu Barómetro.