
XL BARÓMETRO EXECUTIVE DIGEST: Marcelo Nico, Tabaqueira
A análise de Marcelo Nico, Director-Geral da Tabaqueira
2025 arranca em alta tensão. Vai exigir da Europa capacidade estratégica, resposta rápida e nervos de aço. A imposição da Administração Trump de altas taxas alfandegárias a alguns dos seus principais parceiros económicos, ameaçando diretamente a Europa, lançam incerteza sobre a estabilidade de velhas alianças políticas e comerciais. A volatilidade global é, hoje, um dos fatores mais críticos na tomada de decisão de qualquer gestor. Este é o momento de as empresas, em Portugal como na Europa, imunizarem-se contra uma alteração de fundo da ordem internacional. É hora de garantir o futuro. Tal passa, antes de mais, por fortalecer as cadeias produtivas e, como a pandemia demonstrou, direcionar o investimento para o processo de reindustrialização europeu. Uma reindustrialização que seja orientada pela sustentabilidade, que olhe para a economia, mas também para as pessoas e para o ambiente. Uma reindustrialização competitiva, baseada em inovação e em tecnologia, geradora de emprego qualificado e indutora do bem-estar das populações.
Por isso, e na sequência do Relatório Mário Draghi, é uma boa notícia o lançamento da “nova Bússola para a Competitividade” pela Comissão Europeia. Um “choque de simplificação” com vista a assegurar a autonomia da Europa e a promover o crescimento económico. A ideia de que cada euro de investimento importa e deve estar ao serviço da competitividade deve guiar todas as opções estratégicas da Europa e dos seus decisores, sejam políticos ou empresariais.
Portugal deve capitalizar o seu estatuto de porto seguro para o investimento. A somar a todos os seus pontos fortes enquanto destino de IDE, precisa, no entanto, de impulsionar a sua vocação enquanto fonte de inovação. De acordo com o Eurostat, Portugal é o sexto país da UE que menos investe em investigação e desenvolvimento (agosto 2024). Contrariar esta tendência é meio caminho andado para Portugal posicionar-se como uma economia resiliente e em crescimento, capaz de atrair indústrias altamente tecnológicas e serviços de alto valor acrescentado. “É hora de agir”, referiu a presidente da Comissão Europeia. Portugal já definiu os seus eixos de ação no Programa “Acelerar a Economia”. Que não nos atrasemos.
Testemunho publicado na edição de Fevereiro (nº. 227) da Executive Digest, no âmbito da XL edição do seu Barómetro.