“É preciso poupar”. Preço da água “vai ter que aumentar” devido à escassez de recursos, alerta especialista

O preço da água em Portugal vai aumentar devido à escassez, cada vez mais evidente, de recursos hídricos, que tornam essencial a poupança. O alerta foi dado por Rodrigo Proença de Oliveira, professor do Instituto Superior Técnico é o autor do “Estudo de disponibilidades hídricas atuais e futuras”.

Em entrevista à ‘Renascença’, o responsável sublinha que “o grande desafio que temos pela frente é gerir a água de uma forma muito mais rigorosa e eficiente”, uma vez que “no nosso clima mediterrânico, a tendência aponta para uma ainda maior variabilidade e redução da precipitação anual média e para uma maior sazonalidade, colocando problemas à gestão dos recursos hídricos em Portugal”.

A pesquisa da qual é autor foi feita a pedido da Agência Portuguesa do Ambiente (APA) para o Ministério do Ambiente, e quantifica as situações de escassez hídrica que ocorrem, mostrando que Portugal perdeu cerca de 20% dos recursos hídricos, com o índice de escassez mais preocupante a situar-se nas zonas do Sado e Mira e Algarve.

“As perdas de água nas redes de Lisboa são bastante baixas, o que é muito positivo, mas isso não é a realidade nacional”, com municípios a registarem “perdas muito significativas”, refere o especialista à estação, sugerindo que se invista “na recuperação das redes de abastecimento de água”.

Rodrigo Proença de Oliveira considera “uma grande preocupação”, o facto de que “70% a 80% da água que consumimos é para a agricultura, para a rega. Embora haja aqui excelentes exemplos de sistemas eficientes de uso da água, infelizmente também temos exemplos em que as perdas de água são muito significativas e temos que trabalhar para resolver este problema”, aponta.

Segundo o responsável, espera-se uma redução acentuada das disponibilidades de água até ao final do século, tornando indispensável um árduo trabalho na melhoria dos processos de gestão dos recursos hídricos.

“Nós, em conjunto na Europa, mas sobretudo com os nossos vizinhos espanhóis, temos que encontrar a melhor forma para acelerar o desenvolvimento económico”, assegurando que esse “desenvolvimento é feito sem prejudicar o meio ambiente e sem ser condicionado pela escassez hídrica”, defende, citado pela ‘Renascença’.

Adicionalmente, para Rodrigo Proença de Oliveira, “os custos vão ter que aumentar”, salvaguardando, contudo, a maior ou menor capacidade financeira, quer dos cidadãos, quer das empresas dos diferentes setores económicos.

“Todos temos de contribuir para esta recuperação de custos, mas temos de encontrar, na sociedade, o regime tarifário mais adequado, sendo que o aumento do preço, é o tal sinal que precisamos para promover a poupança e uma maior eficiência do uso da água”, conclui.

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