Com a chegada do verão, os passeios ao ar livre tornam-se um convite irrecusável — seja no parque, no campo ou numa esplanada à beira-mar. No entanto, os dias quentes e ensolarados trazem também visitantes indesejados: mosquitos, pulgas, carraças, percevejos e outros insetos que, com uma simples picada, podem estragar o dia… ou causar complicações de saúde sérias.
Se a maioria das picadas causa apenas comichão e algum desconforto, outras exigem atenção médica urgente. Saber reconhecer os sinais e atuar rapidamente pode fazer a diferença entre um incómodo passageiro e uma emergência médica.
Seis picadas comuns — e como distingui-las
Cada tipo de picada tem características próprias e um tratamento mais indicado. Saber o que causou o inchaço, a vermelhidão ou a dor é o primeiro passo para alívio eficaz.
1. Mosquitos
São os mais comuns. As suas picadas provocam vermelhidão, ligeiro inchaço e comichão intensa. A boa notícia é que costumam desaparecer por si ao fim de três dias, sem complicações.
O que fazer: Lavar com água e sabão, aplicar compressas frias e usar anti-histamínicos em gel ou creme para aliviar a comichão.
2. Abelhas e vespas
Causam dor imediata e intensa, acompanhada de inchaço e sensação de queimadura. As abelhas deixam o ferrão cravado na pele; as vespas, não.
O que fazer: Retirar o ferrão com cuidado (se houver), aplicar gelo, tomar anti-histamínicos orais e estar atento a sinais de reação alérgica.
3. Carraças
A picada é muitas vezes indolor e discreta, mas perigosa. Quando a carraça cai, pode deixar uma marca vermelha em forma de alvo.
O que fazer: Remover com uma pinça sem torcer o corpo do inseto, desinfetar a área e observar eventuais sintomas nas semanas seguintes (como febre ou erupções).
4. Pulgas
Picam preferencialmente nos tornozelos e pernas, deixando pequenas manchas vermelhas agrupadas, com comichão intensa.
O que fazer: Lavar a pele, aplicar anti-histamínicos e verificar animais de estimação e têxteis domésticos, pois são fontes frequentes de infestação.
5. Percevejos
Atuam durante a noite. As picadas surgem em grupos e causam comichão persistente.
O que fazer: Lavar bem a zona, aplicar gel anti-histamínico e inspecionar a casa para detetar e eliminar possíveis infestações.
6. Aranhas
Deixam marcas com dois pequenos pontos — as presas. Provocam dor localizada e vermelhidão.
O que fazer: Lavar a zona afetada, aplicar compressas frias e consultar um médico se surgirem febre, necrose ou mal-estar generalizado.
Quando uma simples picada pode ser grave
Apesar de a maioria destas situações ser ligeira, há três cenários que requerem intervenção imediata:
Reação alérgica grave (anafilaxia): Dificuldade em respirar, inchaço dos lábios e pálpebras, tonturas ou perda de consciência.
Ligar para o 112 ou SNS24. Se a vítima tiver um auto-injetor de adrenalina (epipen), deve usá-lo sem demora.
Infeção: A pele torna-se cada vez mais vermelha, quente, dolorosa e pode apresentar pus. Pode surgir febre.
Consultar um profissional de saúde. Antibióticos podem ser necessários.
Doenças transmitidas por carraças (como a doença de Lyme): Aparecimento de manchas vermelhas em forma de alvo, dores musculares e articulares, febre.
Procurar aconselhamento médico.
O que funciona mesmo contra picadas?
Evitar a picada é sempre melhor do que tratar os efeitos. E para isso, os repelentes são aliados essenciais. Mas nem todos são eficazes. Segundo especialistas citados pela The Conversation, os dois ingredientes mais fiáveis são:
DEET (dietiltoluamida): O mais testado e usado desde os anos 50. Uma concentração de 30% garante cerca de 6 horas de proteção. Contudo, pode irritar peles sensíveis e danificar tecidos sintéticos.
Icaridina: Alternativa mais recente, eficaz contra mosquitos e carraças. Uma concentração de 20% oferece até 8 horas de proteção. É mais suave para a pele, quase inodora e segura para crianças e grávidas.
Em regiões com risco de doenças como dengue, Zika ou malária, é essencial escolher concentrações elevadas (30% DEET ou 20% icaridina).
Dicas adicionais para manter os insetos à distância
Além dos repelentes, há medidas simples que ajudam a reduzir o risco de picadas:
- Usar roupa que cubra braços e pernas, sobretudo em zonas com vegetação densa.
- Evitar águas paradas, onde os mosquitos se reproduzem.
- Aplicar redes mosquiteiras em janelas e camas.
- Inspecionar o corpo ao regressar de passeios na natureza — as carraças gostam de zonas como virilhas, axilas e atrás das orelhas.
- Para quem tem alergias graves, é fundamental transportar sempre uma epipen e informar os acompanhantes.
Informação pode salvar vidas
Ser picado por um inseto é uma experiência comum — mas nem por isso deve ser banalizada. Com informação, atenção aos sintomas e os produtos certos à mão, é possível evitar complicações e proteger a saúde durante todo o verão.
Como sublinha a The Conversation, “uma ação informada pode fazer a diferença entre uma simples comichão e uma emergência médica grave”.














