A Europol alertou esta sexta-feira para a persistente “ameaça” do terrorismo jihadista no Velho Continente, com 24 planos (seis ataques e 18 tentativas falhadas) ao longo de 2024, em comparação com 14 em 2023 e apenas seis em 2022.
O último relatório do Serviço Europeu de Polícia alertou também a utilização massiva das tecnologias e da inteligência artificial ao serviço de causas extremistas, bem como para o recrutamento de simpatizantes cada vez mais jovens.
“O terrorismo e o extremismo violento continuam a ser prioridades absolutas”, disse a diretora executiva da Europol, Catherine De Bolle, ao jornal francês ‘Le Figaro’, que destacou o aumento preocupante de esquemas terroristas relacionados com jihadistas no ano passado (juntamente com incidentes atribuídos a militantes de extrema-esquerda e campanhas de ódio instigadas pela extrema-direita).
“Todas estas tendências são ainda mais preocupantes à luz do nível sem precedentes de utilização de IA generativa para criar e disseminar propaganda e discurso de ódio”, apontou o relatório, alertando para a criação de “um ecossistema digital de terror” e o seu impacto nos menores e nas pessoas com perturbações psicológicas.
“Em 2024, foram lançadas várias campanhas coordenadas de propaganda contra os grandes eventos, com o objetivo de incitar os apoiantes a cometer atentados, ganhar visibilidade e atrair apoios”, alertou a Europol, que destacou as conspirações frustradas contra os Jogos Olímpicos de Paris, o Campeonato Europeu de Futebol na Alemanha e um concerto em Viena.
Segundo o relatório, em 14 países da UE foram registados um total de 58 ataques terroristas a todas as ideologias. Os mais mortíferos foram precisamente os atribuídos à causa jihadista, com cinco mortos e 18 feridos.
Dos seis ataques atribuídos em 2024 a apoiantes do Daesh (Estado Islâmico) ou da Al-Qaeda, dois foram cometidos em França (Le Mans e La Grande-Motte), dois na Alemanha, um na Irlanda e um nos Países Baixos. Dos 18 ataques frustrados, nove ocorreram em França, quatro na Alemanha, três na Áustria, um na Bélgica e um em Espanha.
A Europol alertou também ainda para o facto de os suspeitos serem cada vez mais jovens (um terço deles tem menos de 20 anos). “A tendência para implicar indivíduos mais jovens continuou ao longo do último ano devido ao contacto através das redes sociais”, observou o relatório, revelando também um crescente distanciamento dos “movimentos jihadistas estabelecidos” e uma “compreensão limitada da ideologia jihadista” entre os novos adeptos, muitos dos quais estão socialmente isolados.
