Chegar à praia, espalhar o protetor solar e entrar de imediato na água parece um ritual de verão tão automático como abrir a geleira. Mas será eficaz? A resposta, segundo as dermatologistas Ana Sofia Borges e Marta Ribeiro Teixeira, é clara: não.
“Poder, pode. Ninguém diz que não. No entanto, para que o protetor solar seja eficaz, para que esteja protegido do sol, não aconselhava. Devemos sempre esperar 15 a 20 minutos para fazer efeito”, esclarece Ana Sofia Borges à CNN Portugal.
Marta Ribeiro Teixeira reforça a mesma ideia: “Não, o protetor não vai estar a funcionar se for logo à água.”
A recomendação mais eficaz é aplicar o protetor antes de sair de casa, permitindo que os filtros comecem a atuar mesmo antes da exposição direta ao sol. É uma diferença pequena no tempo, mas com impacto significativo na proteção.
Uma aplicação não chega: reforçar é obrigatório
Outro erro frequente é aplicar o protetor uma vez por dia e achar que está feito. De acordo com Ana Sofia Borges, mesmo os produtos rotulados como “à prova de água” devem ser reaplicados após cada mergulho.
“Mesmo que o protetor solar diga que é à prova de água, após uma ida ao banho devemos sempre reaplicar o protetor solar”, alerta.
Este cuidado deve estender-se a todas as zonas do corpo, incluindo aquelas frequentemente esquecidas, como as orelhas, a parte de trás dos joelhos ou o dorso dos pés. Marta Ribeiro Teixeira aponta o que considera ser o maior erro: “O principal erro é nem sequer aplicar o protetor solar. Depois, a maioria das pessoas coloca pouco protetor solar, nunca está suficientemente protegida, como acha que está.”
O reforço da aplicação deve ser feito também de duas em duas horas, mesmo sem idas à água, sobretudo em dias de maior calor ou durante atividades desportivas.
Mais do que protetor: sombra, roupa e bom senso
A proteção solar não termina no frasco. As especialistas recomendam uma abordagem múltipla, que inclua roupa adequada, chapéus de abas largas, óculos de sol com proteção UV e, sempre que possível, sombra.
Evitar a exposição direta ao sol nas horas de maior intensidade — entre as 11h e as 16h — continua a ser uma das formas mais eficazes de prevenir queimaduras e minimizar o risco de cancro cutâneo.
Protetores do ano passado? Nem pensar
É comum encontrar em muitas malas de praia frascos de protetor solar meio usados, resgatados do verão anterior. Mas será seguro reutilizá-los?
“Em regra, um protetor solar do ano passado não pode ser usado este ano”, adverte Marta Ribeiro Teixeira. Ana Sofia Borges concorda: “Na dúvida, é melhor comprar um novo.”
As embalagens indicam sempre o prazo de validade após abertura — normalmente entre 6 a 12 meses. A maioria dos produtos não resiste a um ano de armazenamento, especialmente se tiverem sido sujeitos a temperaturas elevadas, comuns no porta-luvas do carro ou em sacos de praia.
Além do prazo, há sinais evidentes de que o produto perdeu eficácia. “É preciso ver se há alterações da estrutura, do cheiro ou da cor. Se estiver mais aguado, se tiver grumos ou se tiver um cheiro diferente do ano passado, são indicações mais práticas de que o protetor não pode ser usado”, refere Marta Ribeiro Teixeira.
After sun: é mesmo necessário?
Depois de um dia ao sol, a pele precisa de cuidados adicionais. E embora o tradicional after sun continue a ser promovido como indispensável, as especialistas esclarecem que a função principal é hidratar e ajudar na regeneração da pele.
“O after sun tem propriedades hidratantes. A nossa pele fica mais seca depois da ida à praia. Além disso, tem substâncias, como antioxidantes, que vão reparar a nossa pele”, explica Marta Ribeiro Teixeira.
No entanto, se não tiver um after sun em casa, não há motivo para alarme. Um bom creme hidratante comum pode cumprir a mesma função — desde que seja adequado ao seu tipo de pele e aplicado generosamente após o banho.
