Análise genética sem precedentes identifica 42 mil familiares descendentes de 27 escravos descobertos em cemitério esquecido nos EUA

Investigadores analisaram a base de dados da empresa 23andMe, um ‘Google’ da genética, onde estão inscritos mais de 14 milhões de utilizadores em todo o mundo

Revista de Imprensa
Agosto 4, 2023
9:41

Um estudo sem precedentes, publicado na revista científica ‘Science’, está a permitir identificar a história, a origem e os descendentes de 27 escravos nos Estados Unidos, cujos cadáveres foram descobertos num cemitério abandonado numa floresta em Maryland – através de análises às ossadas, foi permitido identificar mais de 3 mil descendentes diretos.

Nos censos americanos, revelou esta sexta-feira a rádio ‘TSF’, só começaram a ser incluídas as pessoas negras a partir de 1870, o que significa que a maioria desses cidadãos não conhece as suas próprias origens para lá dessa data.

Os investigadores analisaram a base de dados da empresa 23andMe, um ‘Google’ da genética, onde estão inscritos mais de 14 milhões de utilizadores em todo o mundo. Assim, foram identificados 47.779 familiares dos escravos encontrados no cemitério, entre os quais 2.975 que partilha pelo menos 0,4% do ADN dessas pessoas, o que os torna provavelmente descendentes diretos.

“O grau de parentesco de algumas pessoas deste grupo significa que um dos escravos era o pai ou a mãe do seu trisavô ou da sua trisavó”, sustentou um dos investigadores, citado pelo jornal espanhol ‘El País’. Há casos em que “a relação é menos direta, podem apenas ter partilhado um antepassado em comum, por exemplo, um primo”.

No cemitério abandonado em Maryland foram encontradas apenas mulheres, sendo que os homens deverão ter sido vendidos ou enterrados noutro local. Os esqueletos mostram a vida dura que levaram, com sinais de lesões nas costas devido ao transporte de cargas pesadas, problemas dentários e elevados níveis de zino, devido aos fumos da fundição onde trabalhavam.

Segundo a análise genética, a maioria dos escravos descendia, através da linha paterna, de homens de Inglaterra e Irlanda, o que confirmou que os senhores brancos subjugavam sexualmente as escravas para produzirem descendência. Já a origem destes escravos foi determinada, sendo maioritariamente do Senegal, da Gâmbia e do Congo.

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