“Ameaça direta”: NATO promete resposta a ataques russos como o que fez após avião de Von der Leyen perder GPS

O secretário-geral da NATO, Mark Rutte, reagiu em conferência de imprensa no Luxemburgo, sublinhando que “todo o continente está sob ameaça direta da Rússia”.

Pedro Gonçalves
Setembro 2, 2025
16:47

A NATO anunciou esta terça-feira que vai reforçar as medidas contra as ações de guerra híbrida da Rússia, depois de um avião que transportava a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, ter perdido temporariamente a navegação por GPS no espaço aéreo da Bulgária. O incidente, ocorrido no domingo, não provocou feridos e a aeronave aterrou em segurança, mas aumentou a preocupação entre os aliados.

As autoridades búlgaras atribuíram o episódio a interferências deliberadas provenientes de Moscovo.

O secretário-geral da NATO, Mark Rutte, reagiu em conferência de imprensa no Luxemburgo, sublinhando que “todo o continente está sob ameaça direta da Rússia”.

“Estamos todos no flanco leste agora, quer vivam em Londres ou em Taline”, declarou Rutte, ao lado do primeiro-ministro luxemburguês, Luc Frieden, e da ministra da Defesa, Yuriko Backes.

Segundo o líder da Aliança Atlântica, “é algo que está a ser levado muito a sério. Posso garantir que estamos a trabalhar dia e noite para contrariar esta ameaça, preveni-la e assegurar que não se repetirá”.

Rutte explicou que o bloqueio de sinais de navegação faz parte de uma campanha russa mais ampla de ameaças híbridas. Essa estratégia incluiria, entre outras ações, o corte de cabos submarinos de energia e telecomunicações no mar Báltico e um ciberataque contra o Serviço Nacional de Saúde britânico.

“Detesto sempre a palavra híbrido porque soa a algo inofensivo, mas é exatamente isso: o bloqueio de aviões comerciais, com consequências potencialmente desastrosas”, afirmou o responsável da NATO.

Escalada de ataques atribuídos à Rússia
O caso do avião de Von der Leyen é apenas o mais recente numa série de incidentes atribuídos a Moscovo. Desde a invasão em larga escala da Ucrânia em 2022, os serviços de informação ocidentais acusam a Rússia e grupos a ela ligados de dezenas de operações de desestabilização na Europa, que vão desde atos de vandalismo e incêndios criminosos até tentativas de assassinato.

As técnicas de interferência incluem o jamming — emissão de sinais de rádio potentes que bloqueiam as comunicações — e o spoofing, que induz em erro os recetores de GPS, levando-os a calcular posições ou horários incorretos.

O chefe dos serviços de inteligência externos britânicos chegou a classificar estas ações como “extraordinariamente imprudentes”.

Bulgária descarta investigação
Apesar da gravidade do incidente, o primeiro-ministro búlgaro, Rosen Zhelyazkov, declarou que não será aberta qualquer investigação. “Estas coisas acontecem todos os dias”, afirmou, considerando tratar-se de um efeito colateral da guerra na Ucrânia e recordando que situações semelhantes se verificaram noutros países europeus.

Nem o Kremlin nem Ursula von der Leyen comentaram publicamente o caso até ao momento.

Rutte alertou ainda para a escalada da ameaça russa: “A diferença entre a Lituânia, que está na linha da frente, e cidades como Luxemburgo, Haia ou Madrid é agora de apenas cinco a dez minutos — o tempo que um míssil russo demora a atingir estas partes da Europa”.

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