Alta velocidade no terreno: Governo assina hoje PPP histórica para ligação Porto–Oiã

A Infraestruturas de Portugal (IP) assina esta terça-feira, com o consórcio LusoLav, liderado pela Mota-Engil, o contrato de concessão do primeiro troço da futura linha ferroviária de alta velocidade entre Porto e Lisboa.

Pedro Gonçalves
Julho 29, 2025
6:30

A Infraestruturas de Portugal (IP) assina esta terça-feira, com o consórcio LusoLav, liderado pela Mota-Engil, o contrato de concessão do primeiro troço da futura linha ferroviária de alta velocidade entre Porto e Lisboa. O acordo, que diz respeito à ligação entre a estação de Campanhã, no Porto, e Oiã (concelho de Oliveira do Bairro), marca o arranque oficial da primeira parceria público-privada (PPP) deste ambicioso projeto ferroviário nacional.

A cerimónia de assinatura decorre hoje na sede da IP, em Almada, e contará com a presença do ministro das Infraestruturas e Habitação, Miguel Pinto Luz. Para além da formalização do contrato de concessão, será também apresentado o acordo de financiamento da empreitada, cujos valores e condições deverão ser detalhados durante o evento.

O consórcio LusoLav, vencedor do concurso público internacional, é composto pelas construtoras portuguesas Mota-Engil, Teixeira Duarte, Alves Ribeiro, Casais, Conduril e Gabriel Couto. A estas empresas caberá a responsabilidade de conceber, construir, financiar e manter este primeiro troço da linha de alta velocidade portuguesa.

Alterações ao traçado incluem nova localização da estação em Gaia
Segundo o caderno de encargos inicialmente apresentado, o projecto previa a construção de uma ponte rodoferroviária com dois tabuleiros sobre o rio Douro, uma profunda remodelação da estação de Campanhã e a edificação de uma nova estação subterrânea em Vila Nova de Gaia, na zona de Santo Ovídio.

Contudo, em abril deste ano, o consórcio LusoLav apresentou à Câmara Municipal de Gaia uma proposta alternativa, que, embora não exclua a versão inicial, sugere mudanças relevantes: a construção de duas pontes em vez de uma sobre o Douro e a deslocação da estação de Gaia para Vilar do Paraíso, afastando-se do plano original que previa a sua localização em Santo Ovídio.

Estas alterações ainda estão em análise, mas a proposta visa optimizar a construção e operação da linha, garantindo maior eficiência técnica e financeira.

Uma ligação entre Porto e Lisboa em apenas 75 minutos
Com conclusão prevista para 2032, a linha de alta velocidade entre Porto e Lisboa deverá permitir fazer o percurso entre as duas cidades em apenas uma hora e 15 minutos, com paragens intermédias nas cidades de Vila Nova de Gaia, Aveiro, Coimbra e Leiria. Em paralelo, está igualmente prevista uma ligação entre o Porto e Vigo, na Galiza, que deverá ser feita em 50 minutos, também até 2032.

A execução do projeto será faseada. A primeira fase, entre Porto e Soure, deverá estar concluída até 2030, enquanto a segunda, entre Soure e o Carregado, tem como meta o ano de 2032. A ligação final a Lisboa será assegurada através da actual Linha do Norte.

Este contrato marca o primeiro passo concreto na implementação do plano de alta velocidade ferroviária em Portugal, um projeto considerado estruturante para o desenvolvimento económico, coesão territorial e transição climática. Através desta PPP, o Estado espera mobilizar investimento privado para garantir prazos ambiciosos e reforçar a capacidade de execução da IP.

A assinatura de hoje representa, assim, um momento histórico no panorama das infraestruturas nacionais, sendo vista como o arranque da nova era ferroviária portuguesa. Como sublinhou o ministro Miguel Pinto Luz em ocasiões anteriores, trata-se de “uma aposta de futuro que colocará Portugal no mapa europeu da mobilidade ferroviária do século XXI”.

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