A ‘terceira vida’ de Malala: depois do Nobel e dos estudos, agora faz sucesso como produtora de filmes e séries

Malala brilhou este ano ao surgir na passadeira vermelha dos Óscares: Não era convidada, mas sim como produtora, através da sua empresa Extracurricular, do documentário ‘Stranger At The Gate’, nomeado para melhor curta-metragem.

Pedro Gonçalves
Agosto 5, 2023
14:30

Malala Yousafzai, hoje com 26 anos, sempre sonhou alto. E soube fazê-lo como muito poucos. A jovem que foi baleada aos 15 anos por talibãs, no Paquistão, quando seguia no autocarro para a escola, sobreviveu e tornou-se rosto de uma luta pelos direitos das mulheres e meninas, em especial no que respeita à educação. Com um prémio Nobel conquistado, e feito o Ensino Superior numa das melhores universidades do Mundo, Malala tem agora uma nova vida, ligada a um mundo que sempre sonhou: o do cinema e da televisão.

A paquistanesa recorda os desenhos animados de ‘Tom & Jerry’ que via quando era criança, a paixão precoce por musicais de Bollywood, e a forma como a série ‘Mr. Bean’ serviu de introdução da jovem à cultura britânica, segundo o El Mundo.

Sem surpresas, por isso, quando Malala brilhou este ano ao surgir na passadeira vermelha dos Óscares: Não era convidada, mas sim como produtora, através da sua empresa Extracurricular, do documentário ‘Stranger At The Gate’, nomeado para melhor curta-metragem.

A película conta a história real do fuzileiro naval norte-americano Richard “Mac” McKinney, que sofreu de stress pós-traumático após regressar do Afeganistão que planeou um ataque a uma mesquita nos EUA. Acabou por desistir da violência, converteu-se ao Islão e até chegou a ocupar um cargo de relevo numa mesquita local.

“É uma poderosa e verdadeira história de perdão e redenção”, indicou Malala na altura das apresentações, adiantando que esperava que o trabalho ajudasse ” que sejamos capazes de mostrar bondade a qualquer um que se cruzar no nosso caminho”.

Dez anos antes, a jovem escrevia o seu primeiro livro, em que contava o episódio de violência cometida pelos talibãs paquistaneses contra ela, e que lhe mudaria a vida para sempre.

Antes, Malala já se fazia ouvir. Com 11 anos, falava pastún, urdu e inglês, e depressa começou a questionar “Como se atrevem os talibãs a retirar-me o meu direito básico de educação”. A carta aberta publicada e disseminada amplamente, valeu-lhe uma coluna na BBC em forma de blog em urdu, onde denunciou encerramento e destruição de 400 escolas no Vale do Swat.

Foi essa visibilidade que levou a que se tornasse alvo dos talibãs.

“Dispararam contra mim e contra os meus amigos, mas conseguiram que milhares, milhões de meninas de todo o mundo de levantassem. O que fizeram foi amplificar a minha voz e espalhar a minha mensagem. Na realidade, eles deram-me como que uma segunda vida”, indica a paquistanesa.

E foi, com efeito um renascer, que lhe trouxe o Prêmio Sakharov e, um ano depois, o prémio Nobel da Paz. è a mais jovem vencedora do galardão, tendo-o recebido aos 17 anos. Formou-se em Política e Economia na Universidade de Oxford, no Reino Unido.

Com o retorno dos talibãs ao poder no Afeganistão, Malala lamentou e manifestou “profunda preocupação com as mulheres, minorias e ativistas de direitos humanos” no país.

Foi também nesse ano, em 2021, que desbrochou a sua ‘terceira vida’. Casou-se com Asser Malik, mudou-se para Londres, fundou a sua própria produtora e tem trabalhado em associação com a Apple TV, já com títulos como ‘Joyland’ ou Disorientation’ na carteira.

“Quero focar-me nas questões sociais, mas abrir espectro para comédias, dramas, documentários, e até desenhos animados”, indica Malala, considerando que “ver um bom programa de TV pode ser muito educativo”.

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