A onda de calor extremo ainda não acabou (só teve um alívio)… Saiba até quando se vai manter e quais as zonas ‘vermelhas’

As noites continuarão tropicais, com valores mínimos superiores a 20 ºC em várias localidades, o que agrava o desconforto térmico e dificulta a recuperação do corpo durante o repouso noturno.

Executive Digest
Agosto 6, 2025
15:07

A onda de calor que assola a Península Ibérica, com especial incidência em Portugal continental, deverá prolongar-se pelo menos até à próxima terça-feira, dia 13 de agosto, mantendo-se os riscos elevados para a saúde pública, sobretudo entre idosos, crianças, grávidas e doentes crónicos. A previsão foi confirmada por várias entidades oficiais, incluindo o Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA), a Direção-Geral da Saúde (DGS), assim como pelo portal especializado LusoMeteo.

Inicialmente previsto até esta quarta-feira, com um ligeiro alívio entre hoje e amanhã, o episódio de calor extremo foi agora prolongado por mais oito dias, com temperaturas acima dos 40 ºC esperadas em grande parte do Interior Centro e Sul, particularmente no Alentejo, Castelo Branco, Beja, Évora e regiões do Ribatejo. Segundo o IPMA, as zonas mais afetadas incluem ainda os distritos de Vila Real, Bragança, Guarda e Viseu, onde o calor tem sido contínuo e sem tréguas.

Para esta quinta-feira, o portal tempo.pt prevê máximas entre 20 ºC (Viana do Castelo) e 42 ºC (Vale do Douro). Já no fim de semana, a temperatura voltará a subir, com picos de 41 a 42 ºC em zonas como Beja e Castelo Branco.

As noites continuarão tropicais, com valores mínimos superiores a 20 ºC em várias localidades, o que agrava o desconforto térmico e dificulta a recuperação do corpo durante o repouso noturno.

264 mortes em excesso desde o início da onda de calor
A manutenção das temperaturas elevadas já teve impacto mensurável na mortalidade, especialmente na população mais idosa. Entre 26 e 30 de julho, Portugal registou 264 óbitos em excesso, 21,2% acima do previsto, segundo a DGS e o Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge (INSA). A maioria das vítimas tinha 75 ou mais anos e residia na região Norte do país.

As autoridades alertam que o risco irá manter-se elevado, sobretudo para pessoas isoladas ou com doenças crónicas. A população deve adotar medidas rigorosas de proteção, como:

  • Beber água regularmente (pelo menos 8 copos por dia);
  • Evitar bebidas alcoólicas ou com cafeína;
  • Ficar em ambientes frescos, com boa circulação de ar;
  • Evitar a exposição solar direta entre as 11h e as 17h;
  • Usar vestuário leve, chapéu e protetor solar com fator elevado;
  • Evitar atividades físicas intensas no exterior.
  • Em caso de sintomas como suores intensos, febre, vómitos ou pulsação irregular, deve ser contactada a linha SNS 24 (808 24 24 24) ou o 112.

Incêndios e qualidade do ar em deterioração
Com as temperaturas elevadas e ausência de precipitação, o risco de incêndio é máximo em mais de 150 concelhos. O IPMA colocou sob alerta zonas dos distritos de Bragança, Guarda, Viseu, Vila Real, Porto, Braga, Castelo Branco, Leiria, Santarém, Portalegre, Faro e Coimbra.

Segundo o  CENSE (Universidade NOVA FCT), os incêndios florestais contribuem para a degradação da qualidade do ar, com emissão de partículas finas (PM10 e PM2,5), óxidos de azoto e hidrocarbonetos aromáticos, compostos perigosos para a saúde respiratória e cardiovascular. Estas partículas, alerta, “podem penetrar profundamente nos pulmões e até entrar na corrente sanguínea”, estando associadas a doenças crónicas e a mortalidade prematura.

Descidas temporárias… mas com novo pico à vista
Apesar de uma ligeira descida térmica prevista para quinta e sexta-feira, esta será pouco sentida no Interior Norte, onde os valores se manterão muito acima da média, segundo o LusoMeteo. No litoral, poderá haver algum alívio térmico, com máximas a rondar os 20 a 25 ºC e ocorrência de nevoeiros matinais.

Contudo, esta trégua será de curta duração. A partir de sexta-feira, 9 de agosto, as temperaturas voltarão a subir, com um novo pico previsto entre os dias 9 e 13, podendo atingir os 44 ºC em algumas zonas do Interior Sul, com probabilidade superior a 60%.

Além disso, há uma possibilidade real de nova onda de calor entre os dias 11 e 18 de agosto, especialmente no Interior Norte e Centro, com probabilidade de 55% no Interior e 30% no litoral, de acordo com modelações estatísticas de três modelos meteorológicos (ensembles).

A partir de 13 de agosto, o cenário ainda é incerto: a manutenção das temperaturas elevadas tem uma probabilidade de 40%, podendo mesmo ocorrer valores extremos de 44 ºC ou mais.

Impacto prolongado e atenção ao Atlântico
A previsão meteorológica a médio prazo aponta para a persistência de condições atmosféricas instáveis e elevadas anomalias térmicas (3 a 6 ºC acima da média). O portal LusoMeteo avisa ainda para a possibilidade de atividade tropical crescente no Atlântico, com um ciclone a poder aproximar-se dos Açores dentro de 10 a 12 dias, o que aumenta a incerteza das previsões para a segunda quinzena de agosto.

Face à situação, o governo mantém o estado de alerta até quinta-feira, com a ministra da Administração Interna a admitir a sua extensão, caso se mantenham as condições de risco extremo. O Plano de Contingência para a Resposta Sazonal em Saúde está a ser reforçado, em articulação com estruturas regionais e locais.

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