O ‘novo normal’? Coronavírus vai reverter globalização e criar cadeias regionais

A crise do coronavírus vai reformular profundamente o comércio global, à medida que as empresas procuram reduzir a sua dependência da produção chinesa, prevêem os economistas da Economist Intelligence Unit (EIU), num relatório agora divulgado, e citado pela CNBC.

O foco das conclusões apresentadas aponta para que a pandemia vá reverter a globalização, acelerando um movimento em direção às cadeias de produção regionais, enfraquecendo assim o domínio da China no comércio internacional, em trajetória ascendente desde que o país foi aceito na Oganização Mundial do Comércio, em 2001.

“No entanto, como resultado da covid-19, é provável que este período de globalização não apenas pare, mas também reverta”, disseram os autores do relatório, observando que a guerra comercial sino-americana e o aumento dos salários na China já havia incentivado algumas empresas a realocar redes de fornecimento para outras partes da Ásia.

“A covid-19 pressionará mais empresas de outros setores a realocar partes das suas cadeias”, prevê o relatório, destacando que o resultado desta movimentação “será uma rede de cadeia de fornecimentos asiática menos focada na China e mais diversificada”.

Esta mudança da China será indicativa de uma tendência ainda mais ampla, disse o relatório, já que empresas globais procuraram formas de aumentar sua resiliência após o choque da oferta induzido pela pandemia do novo coronavírus.

“Ao construir as cadeias de fornecimento regionais quase independentes nas Américas e na Europa, uma empresa global fornecerá uma proteção contra futuros choques na sua rede”, afirmou a EIU, acrescentando que “as empresas que já têm esse luxo, foram capazes de mudar a produção dos principais componentes de uma região para outra, à medida que os bloqueios e encerramentos de fábricas resultantes do coronavírus se desdobravam”.

Devido às dificuldades que envolvem o estabelecimento ou movimentação de cadeias de produção – particularmente no setor automóvel -, é provável, indica o relatório, que quaisquer mudanças importantes sejam permanentes. ″À medida que mais empresas tomam essa decisão, a mudança para cadeias regionalizadas será um resultado duradouro desta crise”, pode -ler-se no relatório.

Muitos setores, como o dos produtos farmacêuticos, agricultura e energia, sofreram uma pressão acrescida face à crise global da saúde, pois a sua dependência de economias como a da China e problemas com a logística internacional pesaram significativamente nas suas cadeias.