A líder da extrema-direita francesa, Marine Le Pen, afirmou que não se candidatará à presidência da França em 2027 caso o tribunal de recurso mantenha a proibição eleitoral que atualmente a impede de concorrer a cargos públicos. A declaração foi feita esta terça-feira, em entrevista à rádio RTL, num momento em que a dirigente do partido União Nacional enfrenta uma batalha judicial com forte impacto político.
Segundo o Politico Europe, a decisão surge no seguimento do veredito que a considerou culpada de desvio de fundos do Parlamento Europeu — acusações que Le Pen sempre negou. A sentença inicial impôs-lhe uma interdição imediata de cinco anos para exercer cargos eletivos, medida que o tribunal de recurso poderá, no entanto, reverter. A audiência de recurso está marcada para 13 de janeiro de 2026, e a decisão final é esperada em setembro.
Caso a interdição seja confirmada, Marine Le Pen garantiu que aceitará o desfecho sem recorrer a instâncias superiores e passará a liderança ao seu protegido político, Jordan Bardella, atual presidente da União Nacional e figura central na estratégia de renovação do partido. “Se o tribunal de recurso mantiver a proibição, entregarei as rédeas ao Jordan”, declarou. A líder da extrema-direita acrescentou que não pretende “arrastar o processo”, considerando que um eventual recurso posterior ao Tribunal de Cassação “chegaria demasiado tarde para uma campanha presidencial eficaz”.
A dirigente de 57 anos, que já concorreu três vezes à presidência francesa, frisou que, embora mantenha confiança numa decisão favorável, prefere preparar o terreno para uma eventual sucessão. “Se eu estiver impedida de me candidatar e o tribunal superior decidir a meu favor três ou quatro meses depois, será tarde demais para organizar uma verdadeira campanha presidencial”, explicou Le Pen, admitindo que o calendário judicial a deixa em posição delicada.
Apesar da incerteza jurídica, as sondagens continuam a colocar tanto Marine Le Pen como Jordan Bardella em posição de destaque nas intenções de voto. Um inquérito recente da Elabe, divulgado no início de novembro, mostra ambos com uma vantagem de dois dígitos sobre os seus adversários mais próximos na primeira volta das eleições presidenciais.
Se o veredito de setembro confirmar a inelegibilidade, o futuro da União Nacional ficará nas mãos de Bardella, de 30 anos, que já é visto como o herdeiro natural do movimento. Contudo, a possível saída de cena de Marine Le Pen — figura que domina a política francesa há mais de uma década — poderá redefinir o equilíbrio das forças da direita em França e marcar o início de uma nova era no seio da extrema-direita europeia.













