Como é que um milionário investe quase 1.000 milhões de euros a comprar um clube de futebol e perde tudo?

O milionário britânico-iraniano Farhad Moshiri anunciou a sua saída do Everton FC após uma gestão marcada por gastos excessivos e dificuldades financeiras. Em oito anos, Moshiri investiu cerca de mil milhões de dólares (952 milhões de euros) no clube da Premier League, mas deixa-o atolado em dívidas e longe do sucesso desportivo que prometera.

Quando Moshiri adquiriu 49,9% do Everton em 2016, a sua chegada foi recebida com entusiasmo pelos adeptos. Descrito como um apaixonado pelo futebol, ele investiu inicialmente para saldar as dívidas do clube e ajudou na construção de um novo estádio de última geração em Liverpool. Contudo, as expectativas rapidamente deram lugar à frustração devido à falta de resultados em campo e à gestão disfuncional, como conta a ‘Bloomberg’.

Ao contrário de outros investidores, como Roman Abramovich no Chelsea, Moshiri optou por manter a gestão existente, incluindo Bill Kenwright como presidente. Esta abordagem limitou a sua influência e contribuiu para decisões estratégicas pouco eficazes, como gastos avultados em transferências que não geraram o impacto esperado.

Moshiri vendeu a sua participação no clube ao milionário norte-americano Dan Friedkin por menos de 50 milhões de dólares (47,5 milhões de euros), segundo fontes próximas ao negócio. A venda foi marcada por cláusulas que limitam o uso dos lucros por parte de Moshiri, devido a preocupações com a sua ligação ao magnata russo Alisher Usmanov, sancionado internacionalmente.

O novo estádio do Everton, situado à beira-mar, poderá sediar jogos do Campeonato Europeu de 2028 e duplicar a receita em dias de jogo, oferecendo alguma esperança para o clube. No entanto, as dificuldades financeiras acumuladas durante a gestão de Moshiri colocam o futuro do clube em risco.