IPO ao Novo Banco poderia cimentar renascimento dos bancos periféricos da Europa, salienta ‘Financial Times’

O segundo maior banco português na altura faliu de forma espetacular e teve de ser posto em resolução, sendo que o renascimento do banco tem feito história desde então, sendo que, com o longo resgate apoiado pelo Governo praticamente concluído, o Novo Banco poderá ser a primeira oferta pública inicial de um banco europeu nos últimos anos

Executive Digest
Agosto 26, 2024
11:58

O Novo Banco poderia estar à altura da faturação dos investidores, indicou esta segunda-feira a publicação britânica ‘Financial Times’, que lembrou que o banco é o que resta da calamitosa dissolução e resgate do Banco Espírito Santo (BES) em 2014.

O segundo maior banco português na altura faliu de forma espetacular e teve de ser posto em resolução, sendo que o renascimento do banco tem feito história desde então, sendo que, com o longo resgate apoiado pelo Governo praticamente concluído, o Novo Banco poderá ser a primeira oferta pública inicial de um banco europeu nos últimos anos.

Portugal, refere a publicação, partilha o regresso mais amplo usufruído por aquela que foi outrora a problemática periferia da Europa, a par de países como Itália, Espanha e Grécia, com um desempenho económico superior. Em particular os bancos, que após anos de crise ganharam a atenção dos investidores graças às taxas de juro mais elevadas – os bancos mais problemáticos da Europa estão agora bem posicionados para o crescimento, e a ser bem-sucedido, um IPO do Novo Banco capitalizaria os lucros próximos do pico e o interesse renovado do setor.

O Novo Banco é agora o quarto maior banco do país, centrado nos particulares e nas PME, com uma quota de 15% no crédito às empresas e um décimo no mercado hipotecário: sob a mão firme do antigo banqueiro do AIB, Mark Bourke, a sua transformação ao abrigo do regime especial em vigor desde 2014 está quase completa.

Isto envolveu a liquidação de cerca de 8 mil milhões de euros de ativos legados que sobraram do tempo do BES. Um acordo de capital contingente no valor de 3,9 mil milhões de euros com o fundo de resolução foi concebido para manter o capital CET1 do banco acima de um mínimo de 12% após perdas. Este mecanismo expira oficialmente em dezembro de 2025 e restam apenas cerca de 500 milhões de euros de capacidade – até lá, porém, o Novo Banco não consegue pagar dividendos.

O banco quer que os reguladores fechem o mecanismo mais cedo para que possa dar início aos retornos de capital. Um rácio CET1 de 19,9% em junho deste ano significa um saldo de caixa alargado para financiar os pagamentos dos investidores. Seria também o gatilho para um IPO, impulsionado pelos acionistas de 75% da Lone Star Funds.

Em caso de um IPO, poderia render um múltiplo no limite superior do valor onde os bancos espanhóis estão a negociar: sete vezes os lucros futuros avaliariam o capital do Novo Banco em pouco menos de 5 mil milhões de euros, o que significaria um retorno de mais de quatro vezes para a Lone Star no seu investimento inicial.

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