Condutores queixam-se de falhas nos novos radares: Camiões ‘apanhados’ a mais de 150 km/h em estradas nacionais
Em setembro começaram a funcionar mais 37 novos radares de controlo de velocidade, e com a entrada em ação destes aparelhos, começaram a chegar muitas queixas de multas, alegadamente indevidas, a empresas de transporte de mercadorias.
Num dos casos, o radar detetou um camião numa estrada nacional 234, em Viseu, a 194 km/h. Já na nacional 109, o aparelho registou camiões a circular a velocidades entre os 130 e 150 km/h. As empresas que receberam as multas, dizem à SIC que vão contestar, com base nos dados dos tacógrafos dos veículos, que deverão contrariar a possibilidade de excesso de velocidade.
É o que relata Vítor Matias, que é dono de uma empresa que gere dados dos tacógrafos de várias empresas de mercadorias, que são obrigadas a ter estes aparelhos nos seus veículos pesados. Medem a hora, quilómetros feitos, velocidade e tempos de descanso, entre outras métricas, pelo que estranhou quando um cliente lhe relatou ter recebido uma multa por andar a 194 km/h.
O problema é que, no caso dos veículos pesados, os tacógrafos têm provas que possam refutar o registo do radar, enquanto que nos ligeiros será mais difícil provar que não de circulou a uma determinada velocidade.
Ao mesmo canal a Autoridade Nacional de Segurança Rodoviária (ANSR) recusa que haja falhas no sistema dos novos radares.
O número de infrações praticamente quadruplicou desde a entrada em vigor dos 37 novos radares da rede SINCRO, explorados pela Autoridade Nacional de Segurança Rodoviária (ANSR): em apenas um mês, foram apanhados 112.744 condutores em excesso de velocidade, um valor muito superior aos 31.327 registados, em média, em cada mês do primeiro semestre.
De acordo com o ‘Correio da Manhã’, as infrações renderam pelo menos 6,74 milhões de euros, se se levar em conta o valor mais baixo da coima em Portugal (60 euros). Com os 61 radares já existentes a proporcionarem 24 milhões de euros em multas, a entrada em vigor dos novos equipamentos vai permitir atingir esse valor em quatro meses. Os radares foram colocados em troços rodoviários que causaram a morte de 115 pessoas nos últimos cinco anos, sendo que o ‘mais ativo’ foi o colocado na EN119, na zona de Foros de Almada, no concelho de Benavente.
Segundo a ANSR, “face ao ano anterior, as infrações duplicaram”, tendo sido “fiscalizados quase 20 milhões de veículos, um aumento de 76% quando comparado com igual período do ano passado”. “A taxa de infração aumentou de 0,29% para 0,57% entre 2022 e 2023, ou seja, por cada mil veículos fiscalizados, seis foram multados este ano, enquanto no ano passado eram apenas três”, referiu a ANSR.