Cocaína ‘traçada’ com fenacetina é o novo ‘euromilhões’ dos traficantes: substância cancerígena multiplica lucros criminosos

Misturar cocaína com fenacetina revelou-se um ‘euromilhões’ para os traficantes, que têm multiplicado os lucros com esta substância de corte muito mais barata: no entanto, segundo o ‘Jornal de Notícias’, os toxicodependentes veem aumentar o risco de contrair cancro – desde 2020, os técnicos da Arrimo, associação que apoia toxicodependentes da zona oriental do Porto, identificaram três casos de cancro, sendo que dois resultaram em morte, provavelmente devido ao analgésico que a OMS (Organização Mundial da Saúde) propôs que fosse há muito retirado do mercado.

O ‘euromilhões’ é o nome que os toxicodependentes dão à cocaína misturada com fenacetina. “É um analgésico que foi retirado do mercado por ser altamente cancerígeno e que tem aparecido muito entre as substâncias de corte. Quem consome cocaína misturada com fenacetina sofre de dores de cabeça, fica incontinente e com diarreia”, explicou o técnico da Arrimo, Abílio Menezes, que indicou lesões mais graves. “Ainda não há uma evidência científica, mas, desde 2020, temos tido alguns casos de cancro da laringe entre os utentes. Dois dos toxicodependentes morreram e há um que se recusa a fazer quimioterapia. Foram as primeiras mortes por cancro desde 2008”, explicou.

O objetivo dos traficantes passa pelo lucro, sustentou Laurent Daniel, do Observatório Europeu da Droga e da Toxicodependência. “A fenacetina é um dos produtos clássicos de corte da cocaína. É usada tanto na América do Sul, como nos países de trânsito e na Europa, onde é vendida”, referiu. ““O potencial para originar um cancro é elevado”, revelou, frisando que, mesmo com a substância proibida em vários pontos do Mundo, “há redes criminosas especializadas em fornecer produtos de corte da cocaína”. “Estão espalhadas por toda a Europa, para ajudar os traficantes a aumentar o lucro com a venda da droga.”

Assim, quando chega ao consumidor final, a cocaína já foi misturada diversas vezes e o quilo inicial foi multiplicado, assim como o seu preço de venda: o quilo que custou quatro mil euros na América do Sul é vendido na Europa a mais de 50 mil.






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