Crise energética: UE disponível para pagar construção de gasoduto entre Espanha e França

A guerra da Rússia contra a Ucrânia veio expor a profunda dependência dos países da União Europeia face ao gás natural oriundo da Rússia. Apesar de já ter ativado um plano para reduzir o consumo desse combustível, para garantir o abastecimento no inverno, o bloco dos 27 deparam-se agora com problemas na interligação entre as redes dos vários Estados-membros.

Recentemente, o Chanceler alemão Olaf Sholz salientou a importância de uma ligação de gás entre a Península Ibérica e a Europa central, destacando que essa estrutura deveria começar em Portugal, passar por Espanha e ligar-se à rede de França, através dos Pirenéus.

Contudo, é em Paris que estes projetos têm encontrado obstáculos até agora intransponíveis, tendo o Primeiro-ministro António Costa já afirmado que o governo francês aponta preocupações ambientais sobre a ligação que deveria passar pela cordilheira, embora tenha adiantado que há sempre a opção de desviar a ligação pelo Mar Mediterrâneo, chegando diretamente a Itália e contornando França.

Contudo, a ligação ibérica ao resto da Europa é feita através de um gasoduto entre Espanha e França, conhecido como MidCat, que, de acordo com o ‘El Mundo’, está em más condições de conservação. Assim, para que a ligação entre a Península Ibérica e a restante Europa faça sentido, é preciso, primeiro, recuperar a ligação franco-espanhola.

O Primeiro-ministro espanhol Pedro Sanchez afirma que, tratando-se de algo que beneficiária todo o continente, a UE deveria financiar parte da nova ligação entre Espanha e França, e Bruxelas não afasta essa possibilidade.

Fontes da Comissão Europeia que falaram com o jornal espanhol confirmam que “estamos preparados para apoiar projetos que se encontrem alinhados com os objetivos traçados pelo plano REPowerEU”, salientando que “colocamos à disposição dos Estados-membros fundos do Instrumento de Recuperação e Resiliência, além dos disponibilizados sob o Mecanismo ‘Conectar a Europa’ para projetos de interesse comum”.

As mesmas fontes indicam que essa ligação ibérica com o resto da Europa deve estar habilitada para transportar hidrogénio verde, algo que também já tinha sugerido por António Costa.

Contudo, França, além das preocupações ambientais, alega que a construção da ligação ibérica com a rede europeia seria demasiado dispendiosa, e já criticou o governo espanhol por sugerir que o gasoduto ibérico poderia estar operacional dentro de oito a nove meses.

Sobre o projeto em concreto, Bruxelas ainda não se pronunciou publicamente, no que está a se interpretado como a adoção de um distanciamento cauteloso e neutral relativamente ao trio europeu.

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