Monkeypox: Cientistas portugueses revelam alterações genéticas. Vírus já sofreu cerca de 50 mutações
Um estudo publicado esta sexta-feira na revista ‘Nature’ explica que o código genético do vírus detetado em maio de 2022 difere do que foi identificado em 2018-2019 num país onde é endémico.
O principal autor do trabalho é João Paulo Gomes, do Instituto Nacional de Saúde Dr. Ricardo Jorge, conta ao jornal espanhol ‘El Mundo’ que os investigadores compararam o genoma do vírus que causou o surto de 2022 com os genomas do mesmo vírus que já tinham sido estudados em anos anteriores. O objetivo: perceber de onde veio o vírus que está agora em circulação.
De acordo com artigo científico, estima-se que o vírus que atualmente circula por países onde não é endémico “muito provavelmente terá uma única origem”.
O especialista explica que também foram comparadas amostras genéticas dos vírus em diferentes casos de infeção do atual surto “para ver se já tinham surgido algumas mutações durante o breve período de transmissão de pessoa para pessoa”.
“O mundo enfrenta agora um surto em vários países causado por um vírus que apresenta muito mais mutações do que as que poderíamos esperar para este tipo de vírus”, avança João Paulo Gomes ao mesmo periódico, acrescentando o estudo que o vírus em circulação parece apresentar uma “evolução acelerada contínua”, com 50 mutações detetadas face aos vírus estudados anteriormente.
Como escreve o ‘Newsweek’, o grupo de cientistas encontraram cerca de 50 variações entre o vírus agora em circulação e os que tinham sido estudados há quatro anos.
Os especialistas dizem que é preciso continuar a investigar o comportamento do vírus para perceber de que forma é que ele interage com o organismo humano e com o sistema imunitário. Quando mais se souber sobre essa interação, mais fácil deverá ser o desenho de modelos que ajudem a prever a propagação do vírus nas populações humanas.
À ‘Newsweek’, João Paulo Gomes afirma que não é possível dizer se as mutações identificadas no vírus afetaram de alguma forma a sua transmissibilidade. Uma das mutações terá sido geradas pela interação com um mecanismo de defesa do sistema imunitário humano, que tem como função alterar a composição genética dos vírus para que esses não possam replicar-se no hospedeiro.
O especialista diz que é provável que o surto atual seja “um descendente” de outro que se registou em 2017 na Nigéria. Contudo, o estudo da varíola dos macacos está ainda a dar os primeiros passos e as perguntas ainda superam as respostas.
Atualmente, existem já mais de 3.500 casos confirmados de infeção humana por varíola dos macacos em 44 países, com o Reino Unido no topo da lista, com 793 casos. Portugal regista 328 casos confirmados, incluindo 11 novas infeções detetadas nas últimas 24 horas.