Insegurança alimentar: Países europeus do Mediterrâneo alertam para aumento de vagas de migração de África
Os ministros das Administração Interna de Espanha, Itália, Grécia, Chipre e Malta pedem mais solidariedade europeia e políticas concertadas para gerir as vagas de migração no continente e para mitigar ameaças à segurança alimentar intensificada pela guerra na Ucrânia.
Reunidos durante dois dias em Veneza, os representantes desses cinco Estados-Membros mediterrânicos da União Europeia, que estão na linha da frente da gestão das vagas de migrantes oriundos do continente africano, pedem que o bloco dos 27 assuma uma política de solidariedade mais robusta e coesa, sem voluntarismos e com base nas obrigações espelhadas nos tratados da UE.
De acordo com a ‘Euronews’, o ministro cipriota Nicos Nouris afirmou que “a solidariedade não é um slogan, nem pode ser vazia de substância”.
Numa publicação na rede social Twitter, o responsável pela pasta da Administração Interna sublinhou que os cinco países apoiam a iniciativa de França, atualmente na presidência rotativa do Conselho da União Europeia até 30 de junho, “para uma abordagem gradual em direção a uma política de migração comum da UE”. Nouris diz que espera que um compromisso “concreto” dos Estados-Membros para com essa política, com base no princípio da solidariedade, um dos principiais pilares da União.
The 5 frontline #MED5 MS support #French #presidency‘s initiative for a gradual approach towards a common #EU #migration policy in which case #solidarity commitment should be concrete.#Lamorgese@nmitarakis @byroncamilleri
@grandemarlas@interiorgob @GDarmanin@Vit_Rakusan pic.twitter.com/YuRPvYefpH— Nicos Nouris (@NourisNicos) June 4, 2022
Por seu lado, a ministra italiana Luciana Lamorgese pediu que fossem estabelecidos mais acordos de repatriamento com os países de origem dos migrantes que procuram chegar à Europa, para mitigar as situações de permanência ilegal nos países que primeiramente acolhem essas pessoas.
Já o ministro grego Notis Mitarachi apontou que a UE deve reforçar o quadro legal sobre a migração, defendendo que “não podemos permitir que os traficantes [humanos] decidam quem vem viver na Europa”, aponta o mesmo órgão de comunicação social.
Também numa publicação no Twitter, o Ministério espanhol dos Negócios Estrangeiros afirmou que os cinco países do mediterrâneo europeu “valorizam a inclusão de mecanismos de realocação de migrantes”, e explicou que durante o encontro foi discutido o futuro do “Pacto Europeu sobre Migrações e Asilo”.
🇮🇹🇨🇾🇬🇷🇲🇹🇪🇸 Los países mediterráneos de la UE valoran la inclusión de mecanismos de reubicación para los migrantes
Los ministros del Interior del #MED5 se han reunido en Venecia para reforzar su posición común en las negociaciones del futuro Pacto Europeo sobre Migración y Asilo pic.twitter.com/MugoPDGmdS
— Ministerio del Interior (@interiorgob) June 4, 2022
Avança a ‘Reuters’ que os ministros do grupo conhecido como MED5 esperam que até ao final do ano cheguem às costas desses cinco países mais de 150 mil migrantes, à medida que a escassez de alimentos leva os cidadãos de países africanos a procurar melhores condições de vida no hemisfério norte.
Dados do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados apontam que, só em 2022, chegaram a Itália, Espanha, Grécia, Chipre e Malta cerca de 36.400 requerentes de asilo. Esse número chegou aos 123.318 em 2021.
A ministra italiana Lamorgese alertou que “se o trigo continuar retido nos portos do Mar Negro, antevemos um maior fluxo de migrantes” para a Europa.