Importações para a Rússia em mínimos dos últimos 20 anos. Quase mil empresas já deixaram o país
As sanções lançadas sobre a Rússia e a saída de várias empresas estrangeiras do mercado russo fizeram cair os níveis de importações de bens para o país.
De acordo com o ‘The Moscow Times’, um dos poucos órgãos de comunicação social independentes que ainda se mantêm em funcionamento no país, em abril a Rússia importou entre cinco mil milhões e 10 mil milhões de dólares de bens, sendo esses valores os mais baixos desde o início do milénio. A mesma publicação aponta que, em fevereiro, o valor das importações para a Rússia terá chegado aos 27,5 mil milhões de dólares.
No mês passado, o governo russo deixou de publicar dados relativos aos fluxos de importação e exportação do país, pelo que os cálculos das importações para a Rússia são feitos recorrendo a informação fornecidas pelos países que mais exportam para esse país.
De acordo com Robin Brooks, principal economista do Instituto de Finanças Internacionais, “a economia da Rússia está a implodir”. O especialista aponta que se prevê que o Produto Interno Bruto do país caia 30% até ao final de 2022 e que, com base em análise aos dados dos 20 países que mais exportam para a Rússia, as importações do país caíram mais de 50% em abril, face ao mesmo mês de 2021.
Avança a Yale School of Management que, até ao dia de hoje, quase mil empresas já anunciaram publicamente que deixaram a Rússia ou que estão em processo de encerramento das suas operações no país, erodindo cada vez mais as bases de suporte da economia russa, já a soçobrar sob o peso das sanções.
Para tentar amortecer as quebras económicas, a Rússia, no início de maio, anunciou que iria permitir que fossem importados para o país bens de consumo, como dispositivos móveis, aparelhos eletrónicos, automóveis e peças sobresselentes para várias indústrias mesmo sem a devido autorização prévia do detentor dos direitos de propriedade intelectual. O ‘The Moscow Times’ aponta que muitos dos produtos abrangidos por essa exceção viriam de empresas que abandonaram o país, devido à guerra com a Ucrânia, sendo uma tentativa do Kremlin para mitigar os vácuos deixados no mercado russo.