Se os países do G7 fecharem as portas ao petróleo russo, Índia pode salvar Putin do colapso económico
São cada vez mais os países que engrossam as fileiras da “coligação anti-petróleo russo”, e se os sete países mais industrializados do mundo abrirem mão da energia da Rússia, o país poderá ter de reduzir a produção e preparar-se para uma forte queda.
A União Europeia é um dos principais clientes do petróleo vindo da Rússia, e, antes da eclosão da guerra na Ucrânia, importava cerca de 3,4 milhões de barris diários com o “selo” de Moscovo. Contudo, com um embargo total em cima da mesa em Bruxelas e com cada vez mais países a optar por suspender as importações de petróleo russo, a economia da Rússia deverá sofrer um duro golpe.
Países como os Estados Unidos da América, o Canadá, o Reino Unido, que são membros do G7, já impuseram proibições de importações de petróleo russo. A Austrália seguiu a mesma linha e o Japão deverá fazer o mesmo. Se os G7 e a EU fecharem portas à Rússia, Moscovo não poderá comercializar os seus produtos energéticos em cerca de metade da economia mundial.
Uma análise da ‘CNN’ aponta que 45% do orçamento russo está dependente das produções do seu setor energético e que, com a perda desses clientes de peso, verá desaparecer uma importante fonte de receitas.
Apesar de o cenário parecer ser sombrio para os lados da Rússia, ainda nada é certo. Apesar de a presidente da Comissão Europeia ter anunciado um plano a seis meses para redução gradual da importação de petróleo russo, até ao total abandono do produto, a medida está longe de ser consensual entre os 27. O Primeiro-Ministro Orbán, da Hungria, já anunciou que abandonar o petróleo russo seria o mesmo que “lançar uma bomba atómica sobre a economia da Hungria”, e que precisaria de quatro a cinco anos para poder a abandonar completamente as importações da Rússia.
A Eslováquia, a República Checa e Bulgária já expressaram preocupações semelhantes, pedindo à CE um regime especial que contemple um período mais alargado para abdicar do petróleo da Rússia.
No entanto, o embargo da UE poderá ter efeitos contrários ao seu objetivo. O mesmo órgão de comunicação social aponta que a saída do bloco europeu poderá fazer subir ainda mais os preços do petróleo, aumentando, assim, as receitas arrecadadas pelo Kremlin. Mas isso só poderá acontecer se a Rússia for capaz de encontrar compradores que consigam preencher o vazio deixado.
E é nesse cenário que a Índia e a China poderão desempenhar um papel crucial e servir de “balões de oxigénio” para uma economia russa fortemente dependente de exportações de combustíveis fósseis. Contudo, à luz dos múltiplos confinamentos que têm prejudicado vários setores da economia chinesa, é na Índia que poderá residir a maior esperança para atenuar as quebras nas exportações russas. Dados da consultora Rystad Energy, avançados pela ‘CNN’, apontam que o governo de Nova Deli tem vindo a aumentar exponencialmente as importações de petróleo russo, sendo que em abril se registaram cerca de 350 mil barris diários, e em maio esse valor está já perto dos 700 mil barris diários. Ainda que possa estar a beneficiar de descontos concedidos pelo Kremlin sobre o preço do barril, a Índia poderá representar um nova e importante fonte de receitas para o governo russo, pelo menos a curto-prazo.
Para isso, a Rússia teria de investir em infraestrutura que permita fazer chegar maiores quantidades de petróleo, gás e carvão à Ásia, projetos que poderão demorar anos até estarem funcionais. O transporte marítimo poderá ser a melhor solução alternativa.