Como é que as grandes empresas fazem valer a sua agenda climática na COP26?

Brian Millar, cofundador da Paddle Consulting, fez uma análise num artigo para a ‘Forbes’ sobre a forma como as grandes empresas impõem a sua agenda em matéria de ação climática durante a COP26. Conheça as estratégias identificadas pelo especialista e quais os grupos que conseguiram aplicá-las da melhor forma, segundo Millar.

 

ESTRATÉGIA 1: SER PARTE DA SOLUÇÃO

O público ao qual se deve chegar é aquele que já está na transição para uma vida mais sustentável, seja pela forma como se comportam, fazem compras ou investem. Dados recolhidos pela empresa de Miller dão conta de que o tipo de comunicação que atrai as pessoas que consomem conteúdo regularmente sobre uma vida ecológica deve ser o considerado.

 

Os vencedores

A Google está a apostar em Big Ideas e Wonder, dois géneros que dizem muito a esse público, segundo Miller. O Google Arts & Culture está a tornar a COP26 acessível a qualquer pessoa com conexão à Internet.

O especialista considera que a Salesforce também está a fazer um bom trabalho na cimeira, com filmes de Jane Goodall. O grupo está a criar uma plataforma para que os ecopreneurs se conectem e obtenham os recursos de que precisam para expandir os seus projetos.

 

Os perdedores

O filme da Hyundai está repleto de baleias, crianças no mundo em desenvolvimento, animais fofos e plantas. A mensagem passada pela empresa de que começará a fazer algo quando o bebé estiver já na universidade é “deprimente”, diz Miller.

A GSK anunciou que irá eliminar 90% das emissões de CO2 dos seus inaladores. Apesar de cada pequena ajuda ser importante, não tem uma dimensão suficiente para esse público, comentou.

 

ESTRATÉGIA 2: PREGAR AO NÃO CONVERTIDO

Algumas empresas têm mudado de assunto, orientando a atenção para o que os consumidores podem fazer para ajudar. É uma estratégia que visa educar as pessoas que não estão a mudar os seus comportamentos. “Persuadir pessoas céticas é notoriamente difícil, é preciso alguém fazê-lo”, diz Miller. Sobretudo através de ideias com destaque, como humor negro e ultrajante, paródia, emoções e indignação.

 

Os vencedores

O filme Jurassic-Park-Meet-Dead-Poet’s-Society da ONU apresenta um dinossauro a dirigir-se a líderes mundiais e a abordar o problema climático, mencionando a sua própria extinção – “Paródia, dark, deadpan, algumas emoções, mais Jack Black”, refere Miller.

A Alpro também apresentou uma paródia, criticando os eco-guerreiros por escolherem o desconforto em vez da conveniência.

 

Os perdedores

O objetivo da Time Out com a sua campanha era “atingir onde dói”, aludindo a um mundo onde alguns dos nossos lugares favoritos poderiam estar debaixo de água. No entanto, segundo Miller, esse público “não se vai preocupar muito quando o Rijksmuseum afundar”.

 

ESTRATÉGIA 3: LEGISLADORES TÊM DE LEGISLAR

Algumas organizações estão a ignorar os consumidores e a visar diretamente legisladores.

 

Os vencedores

Miller considera que a Greenpeace fez um bom trabalho ao lançar um apelo a Boris Johnson, que tem vindo a “empurrar a responsabilidade da legislação para os consumidores”; “É feito com elegância”, considera.

A Unilever é o grande pensador em negócios sustentáveis ​​há alguns anos; cedo perceberam que o CEO tem de ser o dono de qualquer campanha ambiental e tem que estar na frente e no centro, abordando políticos e acionistas.

 

O perdedor

O apelo do WWF por uma legislação não chegou perto do alvo.

 

ESTRATÉGIA 4: O GRANDE SILÊNCIO

E se o público-alvo não for ninguém? Este é um dos cenários apontados pelo autor.

Algumas empresas não têm muitas histórias boas para contar sobre o meio ambiente. As grandes empresas do petróleo e a maioria das marcas de luxo parecem ter dado às suas equipas de gestão das redes sociais algumas semanas de folga, comenta Miller.

“Não fazer nada é uma estratégia difícil de adotar, mas pode funcionar muito bem. Fique quieto, faça boas obras, não chame a atenção e espere que as pessoas percebam”, escreveu.

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