‘Tapering’ do BCE pode ser mais “contundente” se os preços da energia continuarem a disparar

O banco japonês, de renome internacional,  Nomura, alerta para o facto de “o aumento dos preços da energia poder levar a uma  revisão em alta da inflação. Da nossa parte estimamos que o IPC (Índice de Preços ao Consumidor) para 2022 passe de 1,7% para 1,9%”, pode ler-se no comunicado enviado pela instituição financeira.

O banco japonês sublinha que se os preços da energia “continuarem altos durante o inverno, isso pode levar a um ´tapering’ mais forte do PEPP [Programa de Compra de Emergência Pandêmica] pelo BCE, com os mercados começando a questionar se isso vai acabar por afetar a expansão do APP [o QE que o BCE já realizou antes da pandemia] no próximo ano, algo que ainda esperamos que aconteça”.

Lagarde, no entanto, é clara: “o aumento do consumo de gás natural para estabilizar a produção de eletricidade é apenas uma tecnologia de ponte que perderá peso ao longo do tempo, à medida que novas tecnologias de armazenamento e distribuição de energia aparecem e são amplamente utilizadas”, explicou a líder do BCE na conferência anual do Banco.

A presidente do Banco Central Europeu (BCE), Christine Lagarde, reiterou ontem que o aumento da inflação na zona euro é temporário, devido à pandemia, defendendo que a política monetária não deve reagir “de forma exagerada” a esta subida.

“O principal desafio é garantir que não reagimos de forma exagerada a choques de oferta transitórios que não têm influência no médio prazo”, afirmou Lagarde no discurso de abertura do fórum anual do BCE, que normalmente se realiza em Sintra, mas este ano volta a ser ‘online’ devido à pandemia.

Christine Lagarde sublinhou que existe atualmente “uma fase inflacionista temporária relacionada com a reabertura” da economia, após os confinamentos determinados pela pandemia, e defendeu uma política monetária que permita “sair de forma segura da pandemia e fazer regressar a inflação, de forma sustentável, aos 2%”.

“Assim que esses efeitos da pandemia passarem, esperamos que a inflação diminua”, insistiu.

A presidente do BCE reiterou, assim, o que já havia dito na terça-feira, quando garantiu que o aumento da inflação na zona do euro, que disparou para 3% em agosto, é temporário.

“Só vamos reagir a aumentos da inflação que considerarmos duradouros e que se reflitam na dinâmica da inflação subjacente”, disse Lagarde, insistindo não ver “sinais” de que este aumento se esteja a generalizar a toda a economia.

A responsável máxima do supervisor bancário europeu referiu ainda que o inquérito do BCE a analistas monetários “também aponta para uma convergência gradual da inflação”, que se prevê que estabilize nos 2% em cinco anos.

No seu discurso, a presidente do BCE considerou que a pandemia causou uma recessão “muito incomum”, seguida de uma recuperação “muito atípica”.

“A resposta da inflação reflete as circunstâncias excecionais em que nos encontramos. Esperamos que esses efeitos passem um dia”, sustentou.

Ainda assim, Christine Lagarde reconheceu que a pandemia gerou novas tendências que “podem afetar a dinâmica da inflação” nos próximos anos, gerando pressões no sentido de um aumento ou de uma redução dos preços.

“A política monetária deve permanecer focada em permitir que a economia saia de forma segura da emergência pandémica e em levar a inflação, de forma sustentável, em direção à nossa meta de 2%”, concluiu.

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