Próxima semana à lupa: Dos mercados à economia – e outras coisas que precisa de saber
O principal acontecimento na próxima semana é, sem dúvida, a leitura da inflação do HICP na zona euro para agosto (terça-feira, 31 de agosto). Os preços da zona euro caíram em agosto de 2020. Se a inflação core subir em linha com o seu padrão histórico habitual, veremos a inflação aumentar muito. O principal motor é o efeito do adiamento das vendas do ano passado (em França) até agosto deste ano, pelo que é pouco provável que esta retoma da “inflação” dure muito tempo – especificamente, a inflação core poderá baixar no início de 2022, mas é provável que cheguemos abaixo perto dos 2% antes disso.
O segundo dado mais importante da semana é o inquérito à produção do ISM na quarta-feira, 1 de setembro. Existe algum risco de queda nos próximos meses, mas pode ser que a escassez de componentes, os elevados custos de transporte ou as perturbações nos portos possam ter um custo mais elevado.
Também ficaremos a conhecer os PMIs chineses durante a semana (PMIs de manufatura a 31 de agosto e 1 de setembro). O ciclo de crédito da China tem vindo a arrefecer há vários meses, um facto que deverá implicar historicamente um sentimento industrial mais fraco e uma pressão desinflacionista sobre os preços das matérias-primas, em vez do que temos vindo a constatar ao longo do último ano. No entanto, acredita-se que as novas políticas verdes e a transição para os veículos elétricos, não reduz a importância relativa da China para o mercado das matérias-primas. Mas durante quanto tempo? Fica a pergunta.
No dia 31 de agosto iremos também conhecer o índice de Confiança do Consumidor da Conference Board. De acordo com o inquérito da Universidade de Michigan, o sentimento dos consumidores teve uma grande queda em agosto, refletindo a evolução da variante delta do covid-19 e a fim dos benefícios de subsídio de desemprego.
No final da semana, sexta-feira, teremos um dos dados mais importantes, a variação de emprego não agrícola referente ao mês de agosto nos EUA. É esperado um valor de 750k, abaixo do mês anterior, mas convêm relembrar que apesar dos dados do mercado laboral estarem bastante fortes, existe uma distorção causada pelos benefícios aos desempregados e outros fatores. Como tal, esta publicação deverá ser menos importante do que o habitual. Além disso, os investidores deverão estar atentos ao facto de que o rácio emprego/população é atualmente 2,8 pontos percentuais mais baixo do que antes da pandemia, o que sugere uma grande folga no mercado laboral e que pode dar um incentivo acrescido para o banco central iniciar o tapering já na reunião do próximo mês de setembro.
Nuno Mello
Analista XTB