Expetativas superadas em ano de pandemia. Para onde caminham as bolsas mundiais em 2021?
“As principais bolsas mundiais tiveram uma performance em 2020 que superou o que seria de esperar, tendo em consideração as circunstâncias, sobretudo nos EUA, onde os três principais índices atingiram todos novos máximos históricos”. A leitura é de Ricardo Evangelista, analista sénior da ActivTrades, em jeito de balanço do ano que agora termina, antevendo que podemos esperar nesta matéria para 2021.
Na Europa, a situação foi diferente, com o ano, de forma geral, a terminar em baixa comparativamente a janeiro, devido a enormes perdas durante o primeiro trimestre. “A principal razão para esta diferença está no peso relativo do setor tecnológico, o principal beneficiado pelas circunstâncias dos confinamentos, ser muito maior do outro lado do Atlântico do que no velho continente”, detalha à ‘Risco’.
“Penso que em 2021 será de esperar a continuação dos ganhos bolsistas que se verificaram a partir de abril. As circunstâncias que sustentaram o apetite pelo risco, que está por detrás da dinâmica positiva verificada nas principais praças, na segunda metade do ano, dever-se-ão manter: os principais bancos centrais continuaram com políticas monetárias muito acomodativas, e a perspetiva de um grande ressurgimento da atividade económica, graças a vacinas e menor protecionismo americano, sustentam o otimismo dos investidores, com setores que neste momento estão subvalorizados, como por exemplo o das viagens e turismo, apresentarem um grande potencial de crescimento”, antevê o analista.
Um ponto muito importante para a atual dinâmica dos mercados financeiros é o da dificuldade sentida pelos grandes investidores de encontrar rendimento, o chamado ‘yield’. Com as taxas de juros a níveis historicamente baixos, a renda fixa com rating seguro gera neste momento um retorno real negativo, o que tem aumentado a tolerância pelo risco e criado um fluxo de investimentos para a dívida de rating baixo e também para os mercados de ações.
Assim, o especialista ressalva que os potenciais obstáculos à continuação dos ganhos bolsistas no próximo ano seriam: “insucesso das vacinas, o que teria um impacto enorme no sentimento dos investidores; e, mudanças no panorama regulatório, que levassem a um maior escrutínio e possível desmembramento das grandes empresas do setor tecnológico”.
No entanto, é pouco provável que estes cenários se venham a materializar, por isso acredito que 2021 será um bom ano para as bolsas”, conclui.