280 raios por hora… todos os dias: sabe onde fica a tempestade elétrica mais impactante da Terra?

Com duração de até nove horas por noite, os relâmpagos do Catatumbo caem a uma taxa de 280 clarões por hora, iluminando o céu noturno com dramáticas descargas elétricas

Francisco Laranjeira
Agosto 3, 2025
13:30

Qual é a tempestade de raios mais longa que alguma vez viu?

Na Venezuela, ver um espetáculo elétrico que dura horas não é incomum. Mais concretamente, na foz do Rio Catatumbo, as condições específicas de calor e humidade dão origem a um dos espetáculos de raios mais dramáticos da Terra… que se repete todos os dias.

Com duração de até nove horas por noite, os relâmpagos do Catatumbo caem a uma taxa de 280 clarões por hora, iluminando o céu noturno com dramáticas descargas elétricas.

Conhecida como a ‘capital mundial dos raios’, a zona é definida pelo encontro do rio Catatumbo e o Lago Maracaibo, razão pela qual é conhecida como o ‘farol de Maracaibo’. A região detém o recorde mundial de maior número de raios na Terra, com cerca de 250 raios por quilómetro quadrado por ano, o que totaliza cerca de 1,6 milhões de raios por ano. É um espetáculo notável, mas que tem um custo para as cerca de 20 mil pessoas que vivem na ‘capital dos raios’, por vezes em habitações de lata.

“Muitas pessoas morrem todos os anos”, disse Ángel G. Muñoz, físico e investigador da Administração Oceânica e Atmosférica Nacional (NOAA). “Os raios podem ser tão contínuos que se consegue ver tudo ao seu redor.”

E qual é o motivo desta frequência? A forma como o ar quente sobe rapidamente na região, encontrando-se com o ar húmido para formar nuvens cumulonimbus, associadas a condições climáticas extremas, como chuvas torrenciais, tempestades de granizo, tornados e raios. Ou seja, os cristais de gelo acima das porções mais baixas das nuvens encontram-se com o ar quente, criando estática que se acumula até ser descarregada no ‘ziguezague elétrico’ que conhecemos como relâmpago.

O poder contido neste sistema climático é monumental, com a NASA a afirmar que seria possível iluminar toda a América do Sul com apenas 10 minutos dos relâmpagos do Catatumbo.

Aproveitar a energia dos relâmpagos é uma ideia que intriga os cientistas desde a época de Benjamin Franklin, mas ninguém ainda encontrou uma maneira de torná-los uma fonte viável de energia.

O “rio de fogo” criado pelos raios de Catatumbo tem sido usado há séculos como marcador de caminho para marinheiros que navegam no oceano. Seguir o farol de Maracaibo era uma direção tão boa quanto qualquer outra, com a tempestade elétrica tão brilhante que a noite se transforma em dia para aqueles que estão a uma distância considerável.

Devido à sua intensidade mortal, muitos passaram a temer os raios extremos, mas entre os povos indígenas da região, estes são conhecidos como “ploi”, que significa “curiosidade”. Faça chuva ou faça sol, os raios noturnos são uma constante.

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